Fotos Reproduzidas _ Expedição Villas-Bôas pelo Brasil |
Por Maria Villas Bôas
Coordenadora Estadual da Fundação VILLAS-BÔAS
Coordenadora Estadual da Fundação VILLAS-BÔAS
No
município de Antônio João em Mato Grosso do Sul a 402 km de Campo
Grande, cerca de 300 Guarani-Kaiowá foram atacados nesse ultimo sábado
(29/08/15) por duzentos pistoleiros, que chegaram em dez caminhonetes
atirando e impondo horror e desespero a todos, inclusive às crianças
indígenas.
Segundo a reportagem local, três índios foram assassinados, um bebê de
apenas um ano de idade levou um tiro de borracha na cabeça, várias
mulheres da etnia foram amarradas, torturadas e vários outros indígenas
estão feridos.
A tristeza dos sobreviventes é absoluta. Estão sem alimentos e acuados
sem acesso a nada, inclusive, muitas crianças estão extremamente
famintas e aterrorizadas pelo que presenciaram. Na verdade nossos
indígenas estão sofrendo genocídio e etnocídio ao longo de muitos anos. Concordam?
Para tentar se justificar por mais um ataque brutal, ‘forçam’ boatos
que os índios estavam ameaçando os fazendeiros, porém a reportagem local
desmente essa versão.
O DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e a Força Nacional
estavam no local depois das crueldades ocorridas, mas, e quando pararem
de fazer essa ‘segurança’, nossos indígenas estarão seguros e com seus
direitos garantidos?
Sabemos que o motivo de tanta agressão e violência contra os Guarani-Kaiowá vem acontecendo há muito anos e sempre os fazendeiros acabam
‘levando vantagens’. Existe uma área de 9.300 hectares chamada de terra
indígena NhanderuMarangatu, reivindicada por esses indígenas, a qual já
foi homologada em 2005 pelo ex-presidente Lula, mas o então Nelson
Jobin, que na época era Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)
anulou esse ato por solicitação unânime dos ruralistas.
Fica evidente que em Mato Grosso do Sul existe atitudes paramilitares,
com o objetivo em manter conflitos fundiários até dizimarem os povos
originários e, com isso, continuarem fazendo suas invasões e explorações
nas terras indígenas.
Segundo o antropólogo Spensy Pimente,l conforme levantamento feito e
divulgado pelo CIMI (Conselho Indígena Missionário), ele afirma que
acontece mais violência e assassinatos no Mato Grosso do Sul do que em
todo o Brasil onde muitas lideranças já foram mortas. Mais de 45 mil
indígenas vivem em extrema miséria onde 80% das famílias tem uma simples
cesta básica. Mas por que ocorre isso? Ocorre, pelo fato deles serem
impedidos de plantarem em suas próprias terras as quais foram tomadas,
pescarem em seus rios, ou seja, viverem de forma digna como cidadãos
valorizados e respeitados, o qual todos têm direito.
Diante de situações tão graves, a pergunta que não quer calar é: Até
quando acontecerá esse mesmo cenário e o governo continuará fazendo uso
de indiferença e descaso não só aos indígenas Guarani-Kaiowá, porém a
todos os povos indígenas do Brasil? Mais de 17 processos de demarcação
estão finalizados e regularizados, aguardando apenas a assinatura da
presidenta Dilma Roussef, segundo o CIMI, mas qual o porquê da
presidenta não assinar?
Faz
três meses que representantes do governo federal e lideranças indígenas
se reuniram com o objetivo de buscar soluções para a pacificação de
Mato Grosso do Sul, porém mais uma vez a comunidade é violentamente
atacada. A (Aty Guasu) assembleia organizada pelos índios tem cobrado,
incessantemente, as identificações das suas áreas indígenas para que
elas sejam desocupadas, mas a situação continua a mesma, nada é feito,
nada muda!
Um
dos motivos de tantas barbáries que já aconteceram e continuam
acontecendo é a indecisão judicial e sua lentidão em tomadas de atitudes
concretas porque se atitudes firmes e verdadeiras não forem tomadas,
com urgência, essas tensões entre fazendeiros e indígenas continuarão.
Se o Estatuto dos Povos Indígenas é legitimado, por que não tem sido
cumprido e respeitado? O artigo 231 da Constituição Federal deixou de
valer?
O Povo brasileiro ‘cobra’ respostas!!!
NOTA : Este Blog padronizou título e texto, este mantido na integra. Ler original AQUI.
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