“Não aceitamos intimidações e seguimos ao lado dos povos indígenas. Nada a temer, é hora de renovar a esperança” Cleber Buzzato, Secretário Executivo do Cimi
Tem início a 21ª Assembleia Geral do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em Luziânia (GO)
Assessoria de Comunicação - Cimi
A 21ª Assembleia Geral
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) teve início nesta
terça-feira, 15, no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia (GO). A
partir do tema “Estados Plurinacionais e Autodeterminação dos Povos
Indígenas”, os 160 missionários, missionárias, assessores e lideranças
indígenas de todo o país discutirão, até o final dessa semana,
estratégias em defesa da vida dos povos e dos direitos da Mãe Terra.
Permeada por uma
conjuntura de ofensiva contra os direitos e a existência dos povos
indígenas, a Assembleia do Cimi “é uma oportunidade para que um conjunto
maior de missionários e missionárias reflita como a organização deve
atuar diante de situações envolvendo a desconstrução de direitos pelo
Congresso, falta de demarcações, ações judiciais, assassinatos,
ataques”, explica o secretário executivo do Cimi, Cléber Buzatto.
Alguns indícios podem
ser apontados, conforme Buzatto. Quanto organização indigenista, o Cimi
entende que o Estado brasileiro precisa incorporar a noção de
plurinacionalidade e, nesse sentido, reconhecer a autodeterminação dos
povos indígenas. A abertura da Assembleia contou com um ato simbólico:
as ameaças ao Bem Viver indígena, escritas em folhas de papel, foram
queimadas; as perspectivas de futuro: erguidas pelos indígenas presentes
durante ritual puxado por um ponto do povo Truká.
“Os constantes
episódios de violência demonstram que se trata de genocídio. Então os
povos se levantam, resistem e enfrentam mortes, criminalizações. O Cimi,
por sua vez, enfrentou a ditadura militar, uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito), em 1987, motivada pela ação da organização em
defesa dos direitos indígenas na Constituinte, missionários foram
assassinados. Não aceitamos intimidações e seguimos ao lado dos povos
indígenas. Nada a temer, é hora de renovar a esperança”, afirma Buzatto.
Para Inaldo Gamela, do
Maranhão, a luta pelas terras indígenas passa a ser central num cenário
onde o Estado atua lado a lado com os interesses privados, preterindo
direitos coletivos. Já Maria Leusa Munduruku entende que “se os povos
indígenas ficarem de braços cruzados, o governo nada faz. Querem
construir um Complexo Hidrelétrico no rio Tapajós sem nos consultar. Não
demarcam a Terra Indígena Sawré Muybu por isso. Então vamos resistir”.
O presidente do Cimi, Dom Erwin Kräutler, Bispo do Xingu, deixará a presidência nesta 21ª Assembleia depois de oito anos de mandato, conforme estatuto da organização que não permite mais que uma reeleição.
Painéis e debates
Durante os dias da
Assembleia, haverá painéis sobre a construção dos estados plurinacionais
na América Latina, cujo palestrante será César Augusto Baldi, do
Ministério Público Federal (MPF), pluralismo jurídico, com Rosane Freire
Lacerda, professora da Universidade Federal de Goiás, além de
discussões envolvendo colonialidade, decolonialidade e autodeterminação
com Saulo Ferreira Feitosa, do Cimi Regional Nordeste e professor da
Universidade Federal de Pernambuco, e Sônia Magalhães, da Universidade
Federal do Pará.
A Igreja frente aos desafios dos povos indígenas e da Mãe Terra
terá a colaboração do assessor teológico do Cimi Paulo Suess e do
presidente do Cimi, Dom Erwin Kräutler. Bispo do Xingu, Dom Erwin
deixará a presidência do Cimi, nesta 21ª Assembleia, depois de cumprir
oito anos de mandato. Conforme o estatuto da organização, não é
permitida mais que uma reeleição. Ler Original AQUI.
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