Assessoria de Comunicação - Fórum Unitário dos Movimentos Sociais e Sindicais do Campo e da Cidade, em CIMI
Cerca de 200 pessoas, entre indígenas do povo Terena e movimentos
populares do campo e da cidade, ocuparam na manhã desta quinta-feira,
24, o plenário da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, em ato
público, para lançar a campanha Eu Quero: CPI do Genocídio!,
que pretende mobilizar a sociedade sul-mato-grossense e nacional, além
de organismos internacionais de direitos humanos, contra a matança
orquestrada de indígenas, a falta de demarcação e a criminalização dos
movimentos sociais no estado. A sessão chegou a ser suspensa por conta
dos protestos dos manifestantes.
O objetivo da campanha é fazer a contraposição à Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), aberta por pressão da bancada ruralista. Mesmo sem fato
determinado, e sem demonstrar nenhum indício de ilegalidade por parte do
Cimi, a deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB), inventora e animadora
da CPI, acusa a organização de incitar as retomadas realizadas pelos
indígenas.
A campanha pede ainda a moratória do agronegócio no estado até
que as terras indígenas estejam demarcadas. No Mato Grosso do Sul,
conforme dados de organizações do setor pecuário, existem 23 milhões de
cabeças de gado, sendo que cada animal ocupa, em média, um hectare de
terra. A comunidade de Ñanderú Marangatú, composta por 1.500 Guarani e
Kaiowá, ocupava, antes das retomadas do último mês de agosto, 100
hectares.
Para os povos indígenas e movimentos populares, a intenção da
chamada ‘CPI do Cimi’ é desviar o foco dos 10 ataques sofridos pelo povo
Guarani e Kaiowá de Ñanderú Marangatú, Guyra Kamby’i, Pyelito Kue e
Potrero Guasu desde o assassinato de Semião Vilhalva, no último dia 29
de agosto.
Semião estava em Ñanderú Marangatú, terra indígena homologada em
2005, quando a presidente do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli
Maria Ruiz, liderou um bando de fazendeiros, em um comboio com cerca de
100 camionetes, que atacaram a comunidade a tiros de arma de fogo e
borracha.
A ‘CPI do Cimi’, conforme os participantes do ato público,
pretende também enfraquecer a luta dos povos indígenas pelos territórios
tradicionais. A verdadeira CPI, dizem os indígenas, deve ser aquela que
investigue as milícias e os assassinatos de lideranças no estado, que
nos últimos 12 anos atinge a marca de 390 indígenas. Vídeos, relatos da
imprensa sul-mato-grossense e até a presença comprovada de parlamentares
em ataques contra as comunidades percorrem as redes sociais.
Tais números são fatos determinados. Por conta disso, a campanha
pela CPI do Genocídio pretende denunciar a matança de indígenas e
demonstrar como a cadeia do agronegócio se alimenta “desse sangue” para
exportar carnes e grãos produzidos em terras tradicionalmente ocupadas.
Além disso, a campanha visa demonstrar a omissão do Estado brasileiro e o
não cumprimento, por parte do governo federal, das demarcações
determinadas pela Constituição Federal.
Para acompanhar as ações da campanha, clique aqui. A reprodução dos materiais visuais, vídeos, fotos e textos é livre: use e abuse.
Leia Mais
Outras informações – Assessoria de Imprensa
Karina Vilas Boas: (67) 91426.522 / MST
Renato Santana: (61) 9979.6912 / Cimi
Saiba quem são e o que pensam os ruralistas anti-indígenas do Mato Grosso do Sul
Uma audiência pública que debateu a questão indígena no Mato Grosso
do Sul, na Assembleia Legislativa em (6/07), foi marcada pela
presença massiva de proprietários rurais, entidades e autoridades
ligadas aos interesses agropecuários de Mato Grosso do Sul.
O debate foi iniciativa das deputadas Mara Caseiro (PTdoB) e
Antonieta Amorim (PMDB), e dos deputados Zé Teixeira (DEM), Paulo Corrêa
(PR) e Eduardo Rocha (PMDB), junto de sindicatos rurais do estado e
proprietários que pressionam medidas do governo federal.
Mara Caseiro criticou o governo federal na figura da
presidenta Dilma Rousseff. “Falta coragem da presidenta para lidar com a
questão”. Com a mesma opinião dos proprietários, a deputada também
criticou a atuação da Funai (Fundação nacional do índio). “Entendemos
que propriedades tituladas não podem ter a ação da Funai”.
Luana Ruiz, proprietária rural e advogada, também
esteve presente na audiência. Luana é conhecida por suas críticas a
entidades como a Funai e Cimi (Conselho Indigenista Missionário), além
de ser especializada, juridicamente, na defesa dos produtores rurais.
“Índio tem que falar por si, os órgãos como MPF (Ministério Público
Federal) têm que parar de defender ‘invasões’”, se referiu ela à defesa
das ocupações indígenas.
Luana também criticou a atuação da Funai em delimitar terras para os
povos indígenas, que segundo ela “como um passo de mágica transforma em
terra indígena e inviabiliza a iniciativa privada”. A proprietária ainda
afirmou que o Cimi ‘incita conflitos’, e assim como os outros
proprietários, defende a PEC 215.
Orlando Baez, superintendente federal da Agricultura
em Mato Grosso do Sul, afirmou que o Ministério da Agricultura não está
ligado a questão, e que o Ministério envolvido é o da Justiça. Orlando
acredita que a PEC 215 é um ‘caminho’ para resolver a questão.
Diogo Peixoto e Valfrido Medeiros Chaves,
proprietários rurais e presidentes dos Sindicatos Rurais de Amambai e
de Campo Grande, respectivamente, afirmaram que os atos de violência
contra os indígenas nas terras, marcas características dos conflitos,
‘são necessários’. “Chega momentos críticos que não tem o que fazer”,
defendeu Diogo Peixoto.
Questionado sobre a disparidade de forças entre os povos indígenas e
os proprietários, Valfrido Chaves, proprietário de uma fazenda em
Aquidauana, defendeu as ações dos proprietários. “Tem que oferecer
resistência porque o governo não dá segurança. Tem que buscar os
próprios ‘meios’”.
Valfrido também é um forte defensor da PEC 2015 que ele afirma ser
fundamental para a ‘justiça’. “A Funai é comprometida ideologicamente.
Não há incompetência da Funai e do governo. Há incompetência para o
mal”, enfatizou ele. Fonte: http://www.topmidianews.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário