Cápsulas recolhidas pelos indígenas em Guyra Kamby’i_ Foto Cimi |
O dia seguinte ao ataque de fazendeiros contra o tekoha – lugar
onde se é – Guyra Kamby’i, ocorrido na noite desta quinta-feira, 3, pode
reservar mais violência contra a comunidade Guarani e Kaiowá. Sobretudo
com um feriado pela frente. Conforme determinação de abertura de inquérito policial do Ministério Público Federal (MPF) do Mato Grosso do Sul,
o presidente do Sindicato Rural de Itaporã, Otávio Vieira de Mello, tem
convocado fazendeiros de toda a região de Dourados a fazer a remoção
forçada dos indígenas de Guyra Kamby’i, localizada entre as cidades de
Douradina e Itaporã. Na foto, é possível ver cápsulas recolhidas pelos
indígenas.
De acordo com os procuradores do MPF, Mello estaria desde ontem, através de redes sociais, organizando o grupo para a ação.
Pela manhã, o ruralista enviou uma mensagem aos servidores da Fundação
Nacional Índio (Funai) afirmando que haveria novo “conflito” envolvendo
produtores “de toda região”, não apenas de Douradina, repetindo a dose
do ataque ocorrido na noite passada. Depois do ataque a tiros, capangas e
pistoleiros atearam fogo ao acampamento dos indígenas, que recuaram,
mas não saíram da terra indígena e por conta disso o ruralista anunciou a
iminente nova investida.
Nesse momento, centenas de famílias Guarani e Kaiowá, entre elas
ao menos 50 crianças, estão acampadas em outra porção de Guyra Kamby’i,
já identificada pela Funai como de posse tradicional dos índios.
Conforme o apurado junto às lideranças, a decisão dos indígenas é de que
não vão sair do local porque descartam a hipótese de regresso às
margens da rodovia, pois há uma terra reivindicada e identificada para
se viver com mais dignidade.
Um servidor da Funai se dirigiu ao local do conflito, mas sem o
acompanhamento de agentes da Polícia Federal. Como uma grande operação
de combate ao tráfico de drogas foi desencadeada na manhã de hoje,
envolvendo inclusive uma aldeia Guarani e Kaiowá dentro da cidade de
Dourados, não havia homens suficientes para atender órgão indigenista
estatal e proteger as famílias indígenas vilipendiadas na noite
anterior.
A violência empregada pelos fazendeiros acontece menos de 48
horas depois da visita do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo ao
estado, onde um pacto de paz foi selado. Para os servidores da Funai, um
risco de novo ataque é bastante elevado. Um dia antes dos fazendeiros
barbarizarem a comunidade Guarani e Kaiowá de Ñanderú Marangatú, no
último dia 29 de agosto, os servidores da Funai de Ponta Porã insistiam
que algo grave poderia acontecer a qualquer momento. As autoridades
federais não deram ouvidos e Semião Vilhalva terminou assassinado com um
tiro no rosto e hoje o Exército está na região.
Portanto, os Guarani e Kaiowá de Guyra Kamby'i solicitam que
todos e todas peçam às autoridades o envio de forças policiais para que a
comunidade não sofra novo ataque.
Envie e-mail ou telefone para:
Ministério da Casa Civil – Aos cuidados do ministro Aloizio Mercadante: imprensaccivil@presidencia.gov.br, (61) 3411-1410, twitter: @casacivilbr.
Ministério da Justiça – Ao ministro José Eduardo Cardozo: agenda.ministro@mj.gov.br, (61) 2025-3135, twitter: @JE_Cardozo, @JusticaGovBR, facebook: Ministério da Justiça;
Corregedoria-Geral de Polícia Federal – Aos cuidados de Roberto Mário da
Cunha Cordeiro: (61) 2024-8222, ou denuncie aqui em genocídio ou crime
de ódio: http://denuncia.pf.gov.br/
Secretaria-Geral da Presidência da República – Ao ministro Miguel Rossetto: sg@presidencia.gov.br (61) 3411.1224, twitter: @secgeralpr, facebook: Secretaria-Geral da Presidência da República;
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