4 de setembro de 2015

Ruralista convoca fazendeiros para novo ataque e comunidade Guarani e Kaiowá solicita proteção às autoridades federais

Cápsulas recolhidas pelos indígenas em Guyra Kamby’i_ Foto Cimi 

 

O dia seguinte ao ataque de fazendeiros contra o tekoha – lugar onde se é – Guyra Kamby’i, ocorrido na noite desta quinta-feira, 3, pode reservar mais violência contra a comunidade Guarani e Kaiowá. Sobretudo com um feriado pela frente. Conforme determinação de abertura de inquérito policial do Ministério Público Federal (MPF) do Mato Grosso do Sul, o presidente do Sindicato Rural de Itaporã, Otávio Vieira de Mello, tem convocado fazendeiros de toda a região de Dourados a fazer a remoção forçada dos indígenas de Guyra Kamby’i, localizada entre as cidades de Douradina e Itaporã. Na foto, é possível ver cápsulas recolhidas pelos indígenas.
  
De acordo com os procuradores do MPF, Mello estaria desde ontem, através de redes sociais, organizando o grupo para a ação. Pela manhã, o ruralista enviou uma mensagem aos servidores da Fundação Nacional Índio (Funai) afirmando que haveria novo “conflito” envolvendo produtores “de toda região”, não apenas de Douradina, repetindo a dose do ataque ocorrido na noite passada. Depois do ataque a tiros, capangas e pistoleiros atearam fogo ao acampamento dos indígenas, que recuaram, mas não saíram da terra indígena e por conta disso o ruralista anunciou a iminente nova investida.

Nesse momento, centenas de famílias Guarani e Kaiowá, entre elas ao menos 50 crianças, estão acampadas em outra porção de Guyra Kamby’i, já identificada pela Funai como de posse tradicional dos índios. Conforme o apurado junto às lideranças, a decisão dos indígenas é de que não vão sair do local porque descartam a hipótese de regresso às margens da rodovia, pois há uma terra reivindicada e identificada para se viver com mais dignidade.

Um servidor da Funai se dirigiu ao local do conflito, mas sem o acompanhamento de agentes da Polícia Federal. Como uma grande operação de combate ao tráfico de drogas foi desencadeada na manhã de hoje, envolvendo inclusive uma aldeia Guarani e Kaiowá dentro da cidade de Dourados, não havia homens suficientes para atender órgão indigenista estatal e proteger as famílias indígenas vilipendiadas na noite anterior.   
A violência empregada pelos fazendeiros acontece menos de 48 horas depois da visita do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo ao estado, onde um pacto de paz foi selado. Para os servidores da Funai, um risco de novo ataque é bastante elevado. Um dia antes dos fazendeiros barbarizarem a comunidade Guarani e Kaiowá de Ñanderú Marangatú, no último dia 29 de agosto, os servidores da Funai de Ponta Porã insistiam que algo grave poderia acontecer a qualquer momento. As autoridades federais não deram ouvidos e Semião Vilhalva terminou assassinado com um tiro no rosto e hoje o Exército está na região.
Portanto, os Guarani e Kaiowá de Guyra Kamby'i solicitam que todos e todas peçam às autoridades o envio de forças policiais para que a comunidade não sofra novo ataque.
Envie e-mail ou telefone para:
Ministério da Casa Civil – Aos cuidados do ministro Aloizio Mercadante: imprensaccivil@presidencia.gov.br, (61) 3411-1410, twitter: @casacivilbr.  
Ministério da Justiça – Ao ministro José Eduardo Cardozo: agenda.ministro@mj.gov.br, (61) 2025-3135, twitter: @JE_Cardozo, @JusticaGovBR, facebook: Ministério da Justiça;
Corregedoria-Geral de Polícia Federal – Aos cuidados de Roberto Mário da Cunha Cordeiro: (61) 2024-8222, ou denuncie aqui em genocídio ou crime de ódio: http://denuncia.pf.gov.br/
Secretaria-Geral da Presidência da República – Ao ministro Miguel Rossetto: sg@presidencia.gov.br (61) 3411.1224, twitter: @secgeralpr, facebook: Secretaria-Geral da Presidência da República; 

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