Demarcação, que já dura
30 anos, depende unicamente de decisão do ministro. MPF alertou sobre
“conflito armado iminente”. Multa por descumprimento é de R$ 50 mil por
dia
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Foto Arquivo _ MPF |
O Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso do Sul obteve
liminar na Justiça que obriga o ministro José Eduardo Cardozo a se
posicionar, em no máximo 30 dias, sobre processo demarcatório da
Terra Indígena Taunay-Ipegue, no pantanal sul-mato-grossense. O
ministro deve analisar os estudos demarcatórios encaminhados pela
Funai em 2009 e aprová-los ou rejeitá-los. Se Cardozo descumprir a
ordem judicial, a União será multada em R$ 50 mil por dia.
A Terra Indígena Taunay-Ipegue, com 6.461 hectares, fica em
Aquidauana, a 150 km de Campo Grande, e é habitada por 5.500
indígenas da etnia Terena. Em média, são 6,8 hectares por família,
quantidade de terra insuficiente, se ponderada a qualidade do solo da
região, já localizada no Pantanal. Os estudos demarcatórios,
iniciados em 1985, há mais de 30 anos, e finalizados em 2004,
concluíram pela existência de um território tradicional indígena
de 33.900 hectares.
O decreto 1.175/96 determina que os estudos, encaminhados ao
Ministério da Justiça, devem ser analisados em até 30 dias. O
procedimento nº 08620.000289/85, referente à Terra Indígena
Taunay-Ipegue, foi encaminhado pela Funai ao ministro em 25 de
novembro de 2009. Desconsiderado o tempo em que liminar na Justiça
suspendeu os estudos, de 13/08/2010 a 29/04/2014, o processo esteve à
disposição do ministro Cardozo por pelo menos dois anos e dez
meses, tempo 34 vezes superior ao prazo legal de 30 dias.
A decisão judicial afirma que a omissão
do ministro “reflete
exatamente a necessidade da atuação do Poder Judiciário para fazer
cumprir um direito constitucional espelhado na demarcação de terras
indígenas, refletindo no direito de índios e não índios. São
notórios os conflitos nas áreas rurais objeto de demarcação,
inclusive com morte. Por outro lado, os não índios também sofrem
consequências, diante das frequentes ocupações”.
Conflito
iminente
O procurador
da República Emerson Kalif Siqueira afirma
que “um embate armado
de grandes proporções é iminente e a tomada de posição pelo
Ministério da Justiça, em cumprimento ao prazo legal para decidir,
é indispensável e urgente”. Para
o MPF, A lentidão na
conclusão dos processos demarcatórios podem
levar a conflitos como o
ocorrido recentemente em Antônio João, no
sul do estado, onde um
indígena foi morto e dezenas
ficaram feridos.
Para
o MPF, a demora na
definição prejudica toda a sociedade.
“Os produtores rurais
ficam privados das indenizações devidas e dos reassentamentos de
direito, que dependem dessa manifestação do ministro
da Justiça. Os índios, por sua vez, continuam sem o pronunciamento
conclusivo sobre os limites das terras, em reiterados embates com os
agricultores e disputas internas em razão do espaço exíguo”.
Referência processual na Justiça Federal de Campo Grande: 0008916-21.2015.403.6000
Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul
(67) 3312-7265/ 7283
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