Coletivo Terra Vermelha
No dia 03 de setembro, quinta-feira, vários movimentos sociais de
Mato Grosso do Sul, como MST, CUT, Cimi, Coletivo Terra Vermelha, RUA,
RECC, IBISS-CO, TPT, DCE-UFMS, DCE-UCDB e alguns militantes do PSTU,
PCB, PT e PSOL, fizeram um ato em Campo Grande, repudiando o assassinato
de Semião Vilhalva, Guarani-Kaiowá , que foi executado por milícias
armadas, no dia 29 de agosto, próximo ao município de Antônio João, no
tekoha Ñande rú Marangatu.
O ato teve início na praça das águas, com a apresentação do grupo de
teatro Imaginário Maracangalha, com o belíssimo “Tekoha- ritual de vida e
morte do Deus pequeno”, em que retrata a vida de Marçal de Souza, Tupã-
i, assassinado em 1983, grande ícone da luta dos povos indígenas,
Marçal também foi morto lutando pela demarcação de Ñande ru Marangatu.
Havia cerca de 250 pessoas no local, depois da apresentação, os
manifestantes percorreram a principal avenida da capital, a Afonso Pena,
levando cartazes, faixas, cruzes e um caixão, foram distribuídos alguns
panfletos à população, uma das reivindicações dos movimentos sociais,
requerida ao MPF, é a exigência de que a investigação e perícia sejam
feitas de forma externa e independente.
A marcha tinha como ponto final a Famasul (Federação de Agricultura e
Pecuária de Mato Grosso do Sul), tendo em vista que foi fato notório, o
modo de operação dos fazendeiros antes da tentativa de expulsar os
indígenas a força.
Pela segunda vez nesse ano foi utilizada a mesma estratégia, primeiro
os fazendeiros se reúnem nos seus sindicatos rurais, com políticos do
município ou parlamentares federais e o DOF (Departamento de Operações
de Fronteira), depois vão em comboio até a área, atirando, agredindo e
ameaçando os indígenas.
No caso de Ñande ru Marangatu, ainda houve um agravante, a Presidente
do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli Ruiz, por mensagem de
whatsapp, de forma caluniosa, afirmou que “os índios irão fechar as
entradas de acesso a sede do município e colocar fogo na cidade”,
incitando o ódio da população contra os indígenas, existem vídeos nas
redes sociais que mostram várias caminhonetes na frente do município, em
que as pessoas estão esperando os indígenas, para impedir a sua
locomoção de adentrar em Antônio João.
Assim, os manifestantes resolveram pela primeira vez fazer um velório
na frente da Famasul, mesmo com receio de sofrer represálias por parte
dos fazendeiros, colaram cartazes repudiando a violência sofrida pelos
povos indígenas, acenderam velas, fincaram cruzes com o nome de cada
liderança indígena assassinada, e no final, deixaram o caixão ali, como
forma de repúdio e indignação por tanto sangue indígena já derramado. Ver original AQUI.
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