O
fogo se alastrou de forma grandiosa e há mais de 20 dias queima o
coração da mata na Terra Indígena Arariboia. Com mais de 413 mil
hectares, entre os municípios de Amarante do Maranhão, Bom Jesus das
Selvas, Buriticupu, Arame e Grajaú, a terra indígena abriga
aproximadamente 10 mil indígenas Tentehar/Guajajara e grupos Awá sem
contato com a sociedade não indígena.
Segundo
as lideranças indígenas, o fogo já queimou mais de 100 mil hectares da
mata, aproximadamente 20% de floresta amazônica. Um prejuízo enorme. Não
somente para a fauna e flora: os animais mortos pelo incêndio,
queimados às centenas, são a base alimentar e compõem a ‘cosmológica’
dos povos indígenas, que vivem naquele território.
O
incêndio no território Arariboia demonstra as consequências de anos de
devastação com a exploração ilegal de madeira, que retira a vegetação
nativa, o que facilita a propagação do fogo. Por outro lado, evidencia
que o estado do Maranhão não está preparado para combater as queimadas e
muito menos o desmatamento ilícito que acontece de forma constante.
Entidades
têm cobrado do governo estadual a construção de um Plano de Prevenção e
Controle de Desmatamento e das Queimadas no Maranhão (PPCD-MA), mas que
até o presente momento nada foi feito. Todavia, o estado do Maranhão
aparece com 433 focos de incêndios, sendo o quarto estado com maior
número de focos de incêndio em todo Brasil.
Para
tentar conter o fogo, foi criada a Operação Awá, que conta com a
participação de indígenas (Gavião e Apinajé), Corpo de Bombeiros e
Exército (50 BIS) de Imperatriz, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Nacional do Índio
(Funai) - Coordenação Regional de Imperatriz.
Embora
com todo o efetivo, as lideranças indígenas afirmam que não é o
suficiente para controlar os 30 quilômetros de linha de fogo. Uma das
dificuldades é o acesso. O incêndio já queimou parte das casas dos
Guajajara. Os indígenas estão vigilantes para evitar mais destruição e
temem que a linha de fogo chegue ao território dos Awá sem contato. Caso
isso aconteça, os indígenas em situação de isolamento voluntário podem
sofrer graves consequências.
Esta
não é a primeira vez que acontece um incêndio nessas proporções no
território Arariboia. Em 2008, madeireiros invadiram a aldeia Lagoa
Comprida, no coração da mata, mataram seu Tomé Guajajara, 60 anos, e
saíram ateando fogo na floresta. O incêndio foi grandioso e causou
muitos prejuízos para os povos indígenas.
Todavia,
os indígenas têm denunciado que todos os anos acontece queimadas no
território Arariboia, em especial no período do verão quando o tempo
seco contribui para o alastramento do fogo.
O
cenário de destruição representa a morte de plantas, dos animais e o
empobrecimento das comunidades indígenas. Se faz necessária ações
concretas, estruturantes e permanentes, efetivas no sentido de que a
mata seja protegida e as vidas que nela habitam possam ter a existência
garantida.
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