Os mais de 300 representantes dos povos
indígenas da Bahia reunidos no período de 06 a 08 de outubro de 2015, em
Salvador, por ocasião da realização da Conferência Nacional de Politica
Indigenista – Etapa Regional Bahia, aprovaram uma Moção de repúdio e
indignação conta a tentativa de criminalização do Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), Entidade vinculada a Conferencia Nacional dos Bispos
do Brasil – CNBB. Tentativa esta de criminalizar e difamar esta
importante Entidade realizada pela Assembleia Legislativa do Estado do
Mato Grosso do Sul.
A referida CPI do Cimi foi solicitada e
será presidida pela deputada do PT do B, Mara Caseiro e terá como
vice-presidente o deputado do PMDB, Marquinhos Trad e como relator da
CPI o deputado do PR, Paulo Correa. Juntos,
os parlamentares receberam R$ 2.454.542,06 milhões em doações. Desse
total, o relator da ‘CPI do Cimi’, deputado Paulo Corrêa, declarou ao
TSE o montante de R$ 769.515, 50 - as construtoras UTC, Andrade
Gutierrez e Camargo Corrêa financiaram, aproximadamente, 40% da campanha
declarada pelo parlamentar ao TSE. O restante partiu de empresas
ligadas à cadeia do agronegócio e demais doadores. Vale lembrar que
todas estas empresas estão envolvidas no escândalo conhecido como “lava
jato.
Não
consta que as doações apuradas junto ao TSE destes parlamentares sejam
irregulares ou ilegais. O setor privado, no Brasil, podia financiar
campanhas em 2014 - no último dia 17 de setembro de 2015, o Supremo
Tribunal Federal (STF) acabou com as doações privadas. No entanto, o
demonstrativo serve para a sociedade averiguar quais interesses
econômicos e financeiros estão por trás dos deputados e deputadas que
investigarão o Cimi e que insistem em se opor aos direitos territoriais
indígenas. Tanto os parlamentares quanto seus doadores possuem
interesses diretos ou indiretos nas terras reivindicadas pelos povos
indígenas no Mato Grosso do Sul.
A
CPI é composta ainda pelos deputados Onevan Matos (PSDB), ligado ao
ruralismo, e Pedro Kemp (PT), única voz dissonante entre os titulares da
Comissão ao grupo liderado por Mara Caseiro. Os suplentes serão os
deputados e deputadas Antonieta Amorim (PMDB), João Grandão (PT), Beto
Pereira (PDT), Márcio Fernandes (PTdoB) e Ângelo Guerreiro (PSDB).
Ao mesmo tempo em que repudiamos esta
tentativa vil de criminalizar o Cimi, nos solidarizarmos com esta
Entidade e todos os seus membros. O Cimi que sempre esteve ao lado dos
empobrecidos deste País, em especial os povos indígenas, que ao longo
destes anos de existência sempre se colocou do nosso lado, chegando ao
ponto de muitos missionários doarem suas vidas em defesa dos nossos
povos, a exemplo da Irmã Cleusa Rody, Vicente Canhãs,, Pe. Rodolfo e tanto outros missionários.
Assim como na época da consolidação dos
nossos direitos na Constituição de 1988, quando o Cimi, nos deu o apoio e
nos ajudou a conquistarmos os Artigos 231 e 232, sofreram a mesma
perseguição que sofrem agora por parte das mineradoras, políticos e uma
intensa campanha de difamação por parte do jornal Estadão e a ameaças da
instalação de uma CPI mista de inquérito. Agora neste momento que os
nossos direitos sofrem um intenso ataque por parte da bancada ruralista
instalada em todas as regiões na defesa do agro e hidro negócio e que
temos o Cimi do nosso lado nos apoiando, surge mais uma a tentativa de
intimidar e calar a voz de que ousa defender os povos indígenas.
Neste sentido denunciamos os interesses
escusos atrás desta CPI e repudiamos veemente esta vergonhosa CPI contra
o Cimi, e exigimos sim, que seja instaurada uma CPI para investigar o
intenso processo de genocídio contra os nossos parentes no Mato Grosso
do Sul, onde só nos últimos doze anos quase cerca de 600 parentes
cometeram suicídios e quase 400 foram assassinados. CONTRA A CPI DO CIMI
E SIM PELA CRIAÇÃO DA CPI DO GENOCÍDIO DOS POVOS INDÍGENAS DO MATO
GROSSO DO SUL.
Salvador (BA), 08 de outubro de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário