BUGRE É A PQP: “DICIONÁRIO TA”

Foto _ Site diopuava (Ler matéria abaixo)

Por Tereza Amaral - TA

Bugre. No dicionário léxico online “designação atribuída a uma árvore, pertencente à família das Leguminosas, possuidora de uma madeira extremamente firme e atribuída de forma pejorativa a indígenas”. No informal “é uma denominação dada a indígenas de diversos grupos do Brasil por serem considerados não cristãos pelos europeus”. E no Pai dos Cavalos, digo Burros, a forma racista que ruralistas e aliados denominam os Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul.

Longe de ser o que é rotulado pelo Pai dos Burros,  o ava ñe'ë (ava - homem, pessoa e ñe'ë alma -, além da identidade verbal (língua) tem na ancestralidade mítica e no teko, “comportamento em sociedade que traduz  o entendimento do povo com as situações vividas e o mundo que os cerca”, a sua coluna de força. E mais: o povo Guarani-Kaiowá consegue ser o antônimo de bugre, ou seja, civilizado.

Mesmo com os massacres a que vêm sendo subjugados, e ultimamente em forma de barbárie, eles se “armam” com a palavra e correm o mundo denunciando o genocídio em curso numa luta pelo sagrado. O tekoha -  lugar a que se pertence - é mais do que a terra, mato,  água, animais, plantas, remédios. Também  é o ka’aguy, “elemento na construção da cosmologia, palco de narrações mitológicas e morada de inúmeros espíritos”.

Entender o modo de vida de um povo, além do direito à terra assegurado na Carta Magna, lamentavelmente passa distante da hermenêutica dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário que fomentam direta ou indiretamente - esta última através da omissão - o genocídio em curso, inclusive, o 'silencioso' com elevado índice de suicídios.

“Dados do Dsei-MS mostram que o Mato Grosso do Sul continua sendo o estado com o maior número de casos de suicídio, com 48 ocorrências, sendo 70% entre o sexo masculino e 30% entre o sexo feminino. A faixa etária com maior número de casos é a dos 15 aos 19 anos (36%), seguido de casos na faixa de 10 a 14 anos (17%). O maior número de casos ocorreu no município de Amambai (38%)”. Ler Relatório do Cimi  AQUI.

A retomada dos territórios, proposital e equivocadamente denominada pela mídia de invasão, consiste na única forma de existência de um povo que bravamente  resiste. Na minha leitura bugre é um tecido esgarçado de uma palavra que resumo em uma sigla - PQP.

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NOTA
 

Em respeito aos povos indígenas, fontes de pesquisa (Links) pensei em alterar o título, mas por favor me desculpem porque  não posso me autocensurar!