Após
a suspensão da reintegração de posse das fazendas ocupadas por
indígenas em Antônio João, a 402 quilômetros de Campo Grande, o clima
era de tranquilidade na última quarta-feira (21). A maioria dos
moradores disse que tem notícia de que há tensão entre índios e
fazendeiros, mas que o problema não chega à cidade e que os índios são
bons vizinhos.
Durante a quarta, os moradores da cidade ainda perguntavam se era
hoje que os índios teriam que sair das fazendas ou não. Quando
descobriam que os índios conseguiram uma liminar para ficar no local,
eles não se surpreendiam. A maioria dizia que queria apenas que a
Justiça desse uma decisão definitiva sobre o assunto.
Morando há nove anos na cidade, o pastor Isael Cardoso da Silva diz
que presenciou apenas uma briga envolvendo indígenas e ‘brancos’. “Um
dia eu vi um índio correndo com uma faca na mão atrás de um morador
daqui, mas não dá nem para saber o que aconteceu. Fora isso é sempre
pacífico, fica tudo em paz na cidade. Lá nas fazendas, a gente ouve
falar que está tenso, mas a gente não se intromete nesses assuntos”, diz
A rotina segundo o pastor só foi quebrada, quando a rádio da cidade
anunciou, após a morte do índio Semião Vilhalva, que os índios poderiam
invadir e colocar fogo em Antônio João. “Depois foi esclarecido que era
só boato. O exército até pediu para falar isso aos fiéis, para evitar
pânico”.
Dona de um hotel na cidade, Ana Osmar Pinto também diz que gostaria
que a situação fosse resolvida logo, pois fica um clima de insegurança.
Porém com relação aos índios, ela diz que nunca houve problemas. “Eles
vem aqui e gastam no comércio. Pagam tudo que consomem. Nunca teve
problemas”.
A opinião é compartilhada pela dona de uma padaria e de um
restaurante na cidade. As duas garantem que nunca tiveram problemas com
os índios. A única reclamação com relação aos índios foi sobre a
ocupação do distrito de Campestre. Foi relatado ao Jornal Midiamax,
por pessoas que preferiram não se identificar, que os índios teriam
destruído e furtado diversos equipamentos de uma escola onde a área de
assistência social atendia 62 crianças.
Conflito
As ocupações na terra indígena começaram na madrugada do dia 22 de
agosto, quando um grupo entrou na Fazenda Primavera. O conflito entre
índios e produtores rurais em Antônio João chegou ao ponto máximo com a
morte do indígena Semião Fernandes Vilhalva, de 24 anos, durante
confronto com fazendeiros, no dia 29 de agosto.
Posteriormente, os donos das fazendas Primavera, Fronteira e Cedro
conseguiram na Justiça Federal a reintegração de posse. A Funai
(Fundação Nacional de Índio recorreu e conseguiu na madrugada desta
quarta-feira (21), liminar para suspender o despejo dos indígenas. Uma
operação com centenas de policiais federais e militares foi deslocada à
região em uma operação para cumprir a ordem judicial, que acabou
suspensa.
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