“Nós, povos originários, com nossa sabedoria e espiritualidade, sabemos fazer. Nós amamos a mãe natureza cuidamos dela e queremos construir essa grade aliança”
Fotos: Laila Menezes / Cimi |
Por Egon Heck, do secretariado nacional do Cimi
Uma linda e agradável manhã de primavera. Sob a sombra acolhedora de uma frondosa árvore de sucupira, típico do cerrado brasileiro, começam a fluir as energias do planeta aquecendo os corações. Sob um manto de belas cores estampadas nas vestimentas, pinturas e adornos, dezenas de povos nativos das Américas, África, Ásia e Europa celebraram a diversidade. A Assembleia dos Guardiões da Mãe Natureza aconteceu entre os dias 11 e 16, em Brasília (DF).
As diferenças de expressões, línguas, cantos e rituais é uma amostra do quanto podem os povos indígenas e seus aliados iluminar a cegueira do modelo de desenvolvimento capitalista, imposto em nível mundial com violência e destruição que ameaça as condições de vida em nosso planeta.
É muito oportuno que semelhante Assembleia mundial se realize nesta conjuntura brasileira, momento em que os povos indígenas do país passam por extremas violências e agressões. “Precisamos dar esse recado ao mundo e contribuir com o clamor pelo direito à vida da natureza”, expressaram as lideranças indígenas na abertura do encontro.
Aproximadamente 150 representantes de povos originários de quatro continentes consolidaram uma grande Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza. Como contribuição concreta dos povos indígenas, reafirmou-se o compromisso geracional da construção de um mundo em que todos os seres vivos possam viver em harmonia e paz. Ressoou ao mundo novos caminhos de esperança a partir dos povos originários, suas sabedorias milenares e resistência secular.
Leia aqui o documento final
Belas e fortes são as diferenças entre os milhares de povos sobreviventes no mundo. É uma mostra de que é possível um outro mundo, onde os povos originários de todos os continentes tenham a possibilidade de construir pacificamente uma visão comum a fim de iluminar o futuro da nossa humanidade. O sentimento de gratidão pairou sobre os presentes que acompanharam a criação de uma aliança para a paz entre os seres humanos e a Natureza.
A espiritualidade une nossas vidas e nossas lutas
As manifestações e os rituais foram de uma beleza ímpar. Uma amalgama espiritual possibilitou um gracejo de resistência que garante a sobrevivência dos povos, mesmo que se encontrem submetidos a violências e extermínios, realidade de todos os continentes. Ações colonialistas e dominadoras foram denúncias durante toda a Assembleia.
“Estamos procurando descolonizar nossos filhos através de nossa educação”, conduziu uma mãe indígena norte-americana. “O difícil é descolonizar os brancos. Nossa luta não é contra um governo, mas contra um monstro muito maior que é o sistema capitalista”, sustentou a liderança.
As manifestações e rituais se deram todas ressaltando a necessidade de cuidar da Mãe Terra. “Nós, povos originários, com nossa sabedoria e espiritualidade, sabemos fazer. Nós amamos a mãe natureza cuidamos dela e queremos construir essa grade aliança”, ressaltou outra liderança.
Na sombra da árvore de sucupira, rituais espirituais foram além dos cenários de violência e destruição. Predominou as belezas e esperanças no desejo de continuar os labores por uma natureza e humanidade mais cooperativa.
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