Secretariado Nacional do Conselho Indigenista Missionário
Há alguns
anos, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) passou a denunciar a
atuação de forças paramilitares, comandadas por grupos ruralistas, em
ataques contra povos indígenas no Brasil e, particularmente, no Mato
Grosso do Sul. A impunidade e a complacência das autoridades brasileiras
com estes grupos possibilitaram que os mesmos radicalizassem em suas
estratégias, alheias ao Estado Democrático de Direito.
O ataque
perpetrado por fazendeiros contra o povo Guarani e Kaiowá, que culminou
no assassinato de Simão Vilhalva, na manhã deste sábado, 29, no
município de Antônio João, demonstra que o ruralismo organizou e comanda
um verdadeiro Estado Paramilitar no Mato Grosso do Sul. Fica evidente
que o objetivo do Estado Paramilitar ruralista é o de eliminar os povos
originários e seus aliados e continuar invadindo e explorando os
territórios destes povos.
O Cimi não
acredita em investigação isenta por parte dos órgãos públicos locais. A
região toda é controlada pelos interesses do Estado Paramilitar
Ruralista. Consideramos que é de fundamental importância que o corpo de
Simão Vilhalva seja periciado fora do estado do Mato Grosso do Sul e que
a investigação seja conduzida por delegados federais, sediados em
Brasília, e pelo Ministério Público Federal (MPF).
Por fim, é
forçoso reconhecer que a morte de Vilhalva tem relação com a decisão do
governo Dilma Rousseff de paralisar os procedimentos de demarcação das
terras indígenas, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de
suspender os efeitos da homologação da Terra Indígena Ñanderu Marangatu,
há quase 10 anos, submetendo estas famílias indígenas a uma crise
humanitária já aponta por organismos internacionais como uma das mais
graves do mundo.
Não bastasse
tal situação de vulnerabilidade, os Guarani e Kaiowá sofrem ações e
discursos criminosos de incitação ao ódio e à violência proferidos por
parlamentares ruralistas com o exclusivo objetivo de colocar a sociedade
sul-mato-grossense contra os povos indígenas e, na esfera Federal,
avançar na aprovação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, na
Câmara dos Deputados.
O Cimi
manifesta solidariedade à família de Simão e reafirma o compromisso
profético de continuar denunciando as forças da morte que atentam contra
a Vida dos Guarani e Kaiowá, e dos demais povos originários do Brasil.
Brasília, DF, 30 de agosto de 2015
Conselho Indigenista Missionário - Cimi
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