Foto _ Divulgação Aty Guasu |
Por Adriana Carvalho para os Jornalistas Livres
Depois
de quase duas décadas de espera, a comunidade Guarani Kaiowá está
retomando áreas da Terra Indígena Ñanderu Marangatu, na fronteira do
Brasil com o Paraguai. Lideranças relatam que tiveram sua aldeia
invadida esta semana por agentes do Departamento de Operações da
Fronteira (DOF) e que foram ameaçados com disparos de armas de fogo.
Os
Guarani Kaiowá cansaram de esperar. Querem avisar a toda a sociedade
que dezoito anos já foi tempo bastante aguardando uma solução oficial
para a demarcação de seu tekoa (território sagrado) no município de
Antônio João, na fronteira do Brasil com o Paraguai. A Terra Indígena
Ñanderu Marangatu, com cerca de 9 mil hectares, teve sua demarcação
homologada em março de 2005 pelo então presidente Luís Inácio Lula da
Silva. Poucos meses depois, porém, o Supremo Tribunal Federal, anulou a
conquista. Com essa decisão, o presidente do STF na época, Nelson Jobim,
atendeu aos apelos dos que alegam ser donos das terras. Teve início,
então, uma sucessão de sofrimentos para a comunidade que hoje conta com
cerca de mil indígenas. Mortes por assassinato, fome, atropelamento.
Despejos. Invasões.
Na
semana passada, os Guarani Kaiowá decidiram retomar o território.
Homens, mulheres e crianças seguiram para a chamada Fazenda Primavera,
cujas terras são reivindicadas pelo ex-prefeito da cidade, Dacio Queiroz
Silva (PMDB). “Pouco tempo depois de ocupar a fazenda o Departamento de
Operações da Fronteira (DOF) apareceu e fez ameaças aos indígenas. Os
guarani kaiowá recuaram então um pouco, por prudência. Mas na
terça-feira, dia 25, por volta das 14h, os policiais do DOF invadiram e
atacaram a área da aldeia. Não foi nem na área de retomada esse ataque,
foi na aldeia mesmo”, denuncia um dos membros da organização indígena
Aty Guasu, que não quis se identificar.
Segundo
ele, durante a invasão teriam sido feitos disparos com armas de fogo.
Em comunicado, a comissão Aty Guasu relata que os invasores procuravam
pelas lideranças da comunidade, entre eles o líder conhecido como
Loretito. “Felizmente não houve vítimas nesse ataque. A comunidade está
muito assustada, mas decidiu resistir e ampliar a retomada para as áreas
de outras fazendas que estão dentro da Terra Indígena”, afirma o
representante da organização.
A
reportagem tentou entrar em contato com a regional da Funai em Ponta
Porã, sem sucesso. Em comunicado divulgado esta semana, o DOF não
responde às denúncias feitas pelos Guarani Kaiowá, mas alega que no
sábado teria participado de uma ação para “socorrer e liberar reféns de
índios, após invasão de propriedade”. Exibindo fotos divulgadas
anteriormente pelos indígenas em redes sociais como se fossem imagens de
divulgação do próprio órgão, o DOF acusa dos Guarani Kaiowá de ter
feito reféns um adulto e dois adolescentes durante a retomada da Fazenda
Primavera e de tê-los ameaçado com flechas e armas de fogo. A Comissão
Aty Guasu diz que todas as acusações são falsas.
Esses fazendeiros pensam que são donos do mundo..cambada de safados
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