A Secretaria de Educação (Seduc) de Roraima decidiu tirar do
Plano Estadual da pasta a modalidade indígena. Descontentes com a
decisão arbitrária, 4.800 indígenas estão desde o último dia 10, por
ocasião de marcha realizada em memória do Dia Internacional dos Povos
Indígenas, acampados na frente da sede do Governo do Estado. A
mobilização reforça a greve geral dos professores e professoras de toda a
rede de ensino, há quase um mês paralisada.
Caso a modalidade seja retirada do plano, os indígenas do estado
não terão mais acesso à educação escolar diferenciada, garantida em
legislação do Ministério da Educação. O Conselho Indígena de Roraima
(CIR) coordena o acampamento indígena e de acordo com o presidente da
organização, Mário Nicacio Wapixana, os 40 itens que compõe a modalidade
indígena passaram por consulta entre os dez povos de Roraima e
recentemente foram aprovados pelo Conselho Estadual de Educação.
“Destaco dois pontos desses itens: a formação de professores e
professoras indígenas e que as indicações dos gestores sejam feitas
pelos próprios povos, não pelo governo. Sem a modalidade, não há
educação diferenciada”, explica o Wapixana. O movimento grevista pede a
exoneração da atual secretária, Selma Mulinari.
Em Roraima, existem 14 mil estudantes e 2.700 professores e
professoras indígenas. Das 400 escolas do estado, 255 estão em áreas
indígenas. A demanda constituída é alta, mas não só isso: a legislação
brasileira, no âmbito do Ministério da Educação, obriga os estados a
garantir, mesmo que de forma partilhada com os municípios, a modalidade
indígena.
A resolução que define as ‘Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica’,
da Câmara de Educação Básica, instância do Conselho Nacional de
Educação, determina, em seu artigo 25, como atribuições dos estados
“ofertar e executar a Educação Escolar Indígena diretamente ou por meio
de regime de colaboração com seus municípios”.
Portanto, acabar com a modalidade indígena no Plano Estadual de
Educação atenta contra a legislação vigente. “Queremos a permanência da
modalidade no plano e todos os 40 itens e vinculado a isso a exoneração
da secretária, que já vinha fazendo um péssimo trabalho deixando a
educação do estado, tanto para o branco quanto para a gente, em situação
calamitosa”, encerra o Wapixana.
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