Foto _ Marcos Ermínio |
Lideranças
Guarani e Kaiowá relataram no início da noite deste domingo, 30, que o
caixão com o corpo de Semião Vilhalva, indígena assassinado ontem
durante ataque de fazendeiros contra o tekoha – lugar onde se é –
Ñanderu Marangatu, foi entregue à comunidade por um motorista
terceirizado da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
As
autoridades policiais não informaram aos Guarani e Kaiowá ou à Fundação
Nacional do Índio (Funai) se o corpo de Semião passou por perícia de
legistas federais ou ao menos por exames cadavéricos. O Ministério
Público Federal (MPF) do Mato Grosso do Sul não foi chamado para
acompanhar o procedimento ou informado de sua realização.
Conforme
agentes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), o indígena
teria sido morto após levar um tiro na cabeça – os indígenas afirmam que
o tiro acertou o rosto, saindo pela nuca. Os Guarani e Kaiowá, por
questões envolvendo aspectos espirituais do povo, desejam enterrar Simão
em uma das áreas retomadas de Ñanderu Marangatu, a Fazenda Fronteira.
No entanto,
foram impedidos pela polícia. Os soldados fazem um cordão de isolamento
entre a sede da Fronteira e os Guarani e Kaiowá. A fazenda é da
presidente do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli Maria Ruiz, que
liderou o ataque dos fazendeiros. Depois da ação violenta deste sábado, a
sede da fazenda ficou tomada pelos ruralistas. Os parentes de Semião
afirmam que o tiro que o matou, às margens do córrego Estrelinha, partiu
da sede da fazenda.
Bala de borracha
Além do
assassinato de Semião, os indígenas questionam de onde partiram os tiros
de bala de borracha que acertaram as costas e a nuca de um bebê de um
ano, que na hora do ataque dos fazendeiros estava no colo da avó (foto
acima). A arma é usada por polícias de todo o país. Os tiros partiram da
polícia ou dos fazendeiros? Se os disparos foram efetuados pela
polícia, o que teria motivado agentes do Estado a atacar junto com os
fazendeiros? Caso as balas tenham partido de armas empunhadas por
fazendeiros, como eles as conseguiram? Essas são algumas perguntas que
as autoridades públicas deverão responder aos Guarani e Kaiowá.
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