3 de setembro de 2015

URGENTE! Guarani-Kaiowá são novamente atacados a tiros por fazendeiros no Mato Grosso

Fonte da notícia: Cimi - Conselho Indigenista Missionário

Indígenas do tekoha Guyra Kambi’y. Fotos _ Egon Heck.
Ataque paramilitar ruralista desrespeita pacto pela paz firmado com ministro da Justiça, na tarde de quarta-feira
Fazendeiros desferem novo ataque paramilitar na noite desta quinta-feira, 03, no estado do Mato Grosso do Sul, contra outro grupo Guarani-Kaiowá. O ataque dá-se contra o tekoha Guyra Kambi'y, localizado entre os municípios de Douradina e Itaporã, distante cerca de 30 km de Dourados. O fato ocorre apenas cinco dias após a investida criminosa organizada por fazendeiros, parlamentares e sindicalistas rurais contra a terra indígena de Nanderu Marangatu, no município de Antônio João, que culminou com o assassinato de Simião Vilhalva, 24 anos.
Sob chuva de tiros advindos de uma milícia rural, os indígenas se esconderam como puderam em pequenas picadas de mato, estando até o momento impossibilitados de retornar até suas casas, onde teriam maiores possibilidades de proteção contra o fogo aberto pelos fazendeiros e jagunços.
A pedido das famílias indígenas de Guyra Kambi'y, a Funai informou, em tempo hábil, a Polícia Federal de Dourados sobre o aglomeramento de caminhonetes e de um grupo armado nas imediações de onde se encontravam os indígenas. A Polícia Federal, porém, negou-se a prestar atendimento e garantir destacamento para realização de diligências e proteção dos indígenas.
Para entender:
Guyra Kambi'y é um tekoha (lugar onde se é) localizado dentro do território indígena de Lagoa Rica/Panambi, com extensão de 12.169 hectares, devidamente identificado, delimitado e reconhecido pelo Estado brasileiro, através da portaria nº 524, da Funai, de 12 de dezembro de 2012.Os Guarani-Kaiowá foram removidos, na década de 1940, da região onde está localizada hoje Guyra Kambi'y e deslocados para a reserva de Dourados.

Em 2005, as famílias indígenas iniciaram um grande movimento de retorno e luta pela identificação de Lagoa Rica. Em 2008, após as retomadas de Guyra Kambi'y e Itay, terras indígenas que ficam dentro deste território maior, os estudos da Funai se iniciaram sendo conclusos em 2011 quando foi publicado o relatório antropológico que delimitou o território de Panambi/Lagoa Rica, com de 12.196 hectares.
Após brigas judiciais travadas entre o órgão indigenista e o Sindicato Rural de Itaporã durante mais de três anos em que o procedimento demarcatório ficou suspenso, o Tribunal Regional Federal, 3ª. Região, decidiu, em 2014, por manter a determinação atual que garante os efeitos dos procedimentos demarcatórios de maneira plena. Desde 2008, mais de 15 famílias viviam enclausuradas em cerca de apenas dois hectares.
Com a inércia do Governo em resolver a questão da demarcação, os indígenas retomaram, há dois dias, um pedaço mais amplo de seu tekoha Guyra Kambi'y. Ignorando as advertências e o acordo de paz firmado com o ministro da Justiça, nesta quarta-feira, 02, quando o mesmo esteve no MS, mais uma vez forças paramilitares ruralistas decidiram atacar as famílias Guarani-Kaiowá que buscam apenas sua sobrevivência. Não há notícias, no momento, sobre indígenas feridos. Original AQUI.
Brasília, 03 de setembro de 2015.
Cimi - Conselho Indigenista Missionário

Um comentário:

  1. Essa funai tambem ta pareceno mais os padres que catequizavão os indios com interesses em suas terras agora que precisa utilizazar de seus conhecimentos em leis para ajudar os indios não fazem nada!

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