Em novembro de 2013 aconteceu na aldeia Restinga, sudoeste do Pará, a II Assembléia do Movimento Ipereg Ayu. Durante o encontro foram reunidos cerca de 400 indígenas de 62 aldeias da etnia Munduruku, que em 4 dias de encontro debateram e decidiram os rumos do Movimento Munduruku para os meses que seguiram. ~ Saiba mais ~
Durante o encontro, Ademir Kaba, membro do Movimento Indígena Munduruku Ipereg Ayu, concedeu uma entrevista exclusiva para o Amazônia em Chamas. O indígena é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará, campus Belém, cidade onde viveu por mais de 10 anos, até decidir largar a vida na capital e voltar às aldeias, lutando e resistindo ao lado dos parentes.
No vídeo Ademir traz questionamentos sobre os diversos fatores que levam ao enfraquecimento da cultura indígena, como tecnologia, nacionalidade, religião e o modelo de educação formal implementado nas comunidades. Ele também enfatiza a importância do fortalecimento e valorização dos costumes tradicionais como forma de resistência aos grandes projetos planejados para a região, os quais atingem diretamente o povo Munduruku.
As imagens foram registradas pelo Amazônia em Chamas e pelos próprios Munduruku ao longo de quase um ano de luta contra a instalação de grandes projetos na Amazônia.
Os registros iniciaram em maio de 2013, quando os Munduruku ocuparam o canteiro de obras de Belo Monte, em Altamira (PA). A ocupação tinha como objetivo exigir a não instalação de projetos hidroelétricos no Tapajós e prestar solidariedade aos “parentes” de outras etnias afetadas pela construção da UHE Belo Monte, entre eles Xipaia, Arara da Volta Grande e Kayapó.
Em quase um mês de paralisação, entre idas e vindas na região, 10 cartas foram encaminhadas ao Governo para exigir a presença de Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. O Ministro não compareceu ao local, fazendo com que os indígenas fossem à Brasília ao encontro de Gilberto, onde deixaram claro que não aceitavam a instalação de nenhum projeto que afete comunidades indígenas e tradicionais da Amazônia.
Os Munduruku também questionaram o modelo que consulta prévia implementado, o qual não lhes dá o direito ao veto à instalação de mineradoras e usinas hidrelétricas, e exigiram que seus direitos sejam respeitados.
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