‘Meu filho, nós vamos entrar na nossa terra e nós não vamos sair mais. Se eles me matarem, vocês vão continuar lutando porque esta aldeia Takuara é a nossa terra. Não deixe que eles destruam nossa reserva. Eu quero ser enterrado no meio de vocês’.
Frase do cacique Marcos Veron, ao filho Ernesto, um dia antes de ser brutalmente assassinado
Um livro e o entrar através do caminho literário no mundo dos povos indígenas mais massacrados do Brasil. Na apresentação, "Conflitos de Direitos sobre as Terras Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul (2009)" diz textual: "Fica patente que o Poder Judiciário, longe de ser neutro e de estar acima das diferenças que marcam a sociedade brasileira, participa do jogo político a que está inscrito, determinando-o e sendo por ele determinado!"
A afirmativa está na obra editada há quatro anos pela Comissão Pró-Índio de São Paulo, Cimi/MS e MPF da 3ª Região de São Paulo. No trabalho foram escolhidas as terras Sete Cerros, Jaguapiré, Jaguari e Gussuty, servindo como exemplo padrão.
"Não pediram licença para tirarem nossa terra, não pedimos licença para recuperar nossa área. Nosso povo precisa da terra para viver, a terra é nossa mãe e vamos retomar ela" (Amilton Lopes)
Na introdução, o leitor já se depara com informações estarrecedoras envolvendo casos de suicídios. Foram registrados 304 no período de 1986 ao ano da edição, tendo sido notificados mais de 50 apenas em 1995. O 'encontro com árvores' (a maioria é por enforcamento) projetou mundialmente os povos, revelando uma das mais graves violações de Direitos Humanos do país.
Confinados em meio a usinas de álcool, a maioria dos Guarani-Kaiowá vive em em 27 pequenas áreas de terra (Tekoha). Somente 20 foram demarcadas e a lentidão das menores áreas demarcadas no Brasil é surpreendente: Oito delas foram demarcadas na primeira metade do século XX, entre 1914 a 1928. As outras nas décadas de 80 e 90, e por meio de retomadas.
Descumprimento da CF
Todas as terras indígenas deveriam ter sido demarcadas até 5 de outubro de 1993, ou seja, um 'buraco' de dez anos dos governos Lula e Dilma, descumprindo determinação da Constituição Federal no Artigo 67 dos Atos das Disposições Constitucionais Provisórias que estabelece: "A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição" (1988).
Uma das perversas manobras dos fazendeiros, além de assassinatos, é tentar negar a identidade dos Guarani-Kaiowá. Eles propagam que não seriam índios de verdade e usariam dessa condição para tirar terras. Mas o resistente povo mantém, em seus tekohas, a diversidade etno-cultural.
A 'Porteira' de Subtração da Terra
Depois da Guerra do Paraguai, no final do século XIX, o governo brasileiro decidiu ocupar as regiões de fronteiras. Os indígenas viviam na região com pouco contato com outra populações. É quando chega a Companhia Mattes Larangeiras - uma concessão - que passou a explorar o erva-mate em uma área que coincide em sua extensão com 'boa parte do território Guarani-Kaiowá'.
Foi ali o começo. E os índios foram atraídos como mão-de-obra. A empresa sempre os respeitou na identidade como donos das terras, mas atraiu milhares de pessoas que começaram a se apropriar das terras sob a concessão de títulos doada pelo extinto SPI (Serviço de Proteção ao Índio), que os levou até à força para as reservas.
E hoje, sob a omissão do governo Dilma, o ciclo ervateiro foi substituído pelo setor alcooleiro, de etanol, plantio de soja, cana-de-açúcar e pecuária em terras que, vale ressaltar, foram usurpadas com o aval do próprio Estado brasileiro. Eis o débito histórico de uma perversa verdade que o agronegócio nega! Leia Livro em PDF AQUI!
Frase do cacique Marcos Veron, ao filho Ernesto, um dia antes de ser brutalmente assassinado
Marcos Veron, assassinado Foto _ Vanessa Monteiro |
Por Tereza Amaral com Flávio Bittencourt
A afirmativa está na obra editada há quatro anos pela Comissão Pró-Índio de São Paulo, Cimi/MS e MPF da 3ª Região de São Paulo. No trabalho foram escolhidas as terras Sete Cerros, Jaguapiré, Jaguari e Gussuty, servindo como exemplo padrão.
Amilton Lopes, assassinado. Ler http://migre.me/hYRcZ |
"Não pediram licença para tirarem nossa terra, não pedimos licença para recuperar nossa área. Nosso povo precisa da terra para viver, a terra é nossa mãe e vamos retomar ela" (Amilton Lopes)
Na introdução, o leitor já se depara com informações estarrecedoras envolvendo casos de suicídios. Foram registrados 304 no período de 1986 ao ano da edição, tendo sido notificados mais de 50 apenas em 1995. O 'encontro com árvores' (a maioria é por enforcamento) projetou mundialmente os povos, revelando uma das mais graves violações de Direitos Humanos do país.
Confinados em meio a usinas de álcool, a maioria dos Guarani-Kaiowá vive em em 27 pequenas áreas de terra (Tekoha). Somente 20 foram demarcadas e a lentidão das menores áreas demarcadas no Brasil é surpreendente: Oito delas foram demarcadas na primeira metade do século XX, entre 1914 a 1928. As outras nas décadas de 80 e 90, e por meio de retomadas.
Descumprimento da CF
Todas as terras indígenas deveriam ter sido demarcadas até 5 de outubro de 1993, ou seja, um 'buraco' de dez anos dos governos Lula e Dilma, descumprindo determinação da Constituição Federal no Artigo 67 dos Atos das Disposições Constitucionais Provisórias que estabelece: "A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição" (1988).
Uma das perversas manobras dos fazendeiros, além de assassinatos, é tentar negar a identidade dos Guarani-Kaiowá. Eles propagam que não seriam índios de verdade e usariam dessa condição para tirar terras. Mas o resistente povo mantém, em seus tekohas, a diversidade etno-cultural.
A 'Porteira' de Subtração da Terra
Punhado da Terra sagrada e a lança de Ládio Veron em mão e Foto de Gian Longato, ativista de Força e Coragem |
Depois da Guerra do Paraguai, no final do século XIX, o governo brasileiro decidiu ocupar as regiões de fronteiras. Os indígenas viviam na região com pouco contato com outra populações. É quando chega a Companhia Mattes Larangeiras - uma concessão - que passou a explorar o erva-mate em uma área que coincide em sua extensão com 'boa parte do território Guarani-Kaiowá'.
Foi ali o começo. E os índios foram atraídos como mão-de-obra. A empresa sempre os respeitou na identidade como donos das terras, mas atraiu milhares de pessoas que começaram a se apropriar das terras sob a concessão de títulos doada pelo extinto SPI (Serviço de Proteção ao Índio), que os levou até à força para as reservas.
E hoje, sob a omissão do governo Dilma, o ciclo ervateiro foi substituído pelo setor alcooleiro, de etanol, plantio de soja, cana-de-açúcar e pecuária em terras que, vale ressaltar, foram usurpadas com o aval do próprio Estado brasileiro. Eis o débito histórico de uma perversa verdade que o agronegócio nega! Leia Livro em PDF AQUI!
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