As cestas básicas distribuídas pelo Governo Federal estão atrasadas em pelo menos três meses em Mato Grosso do Sul. Em Dourados a situação ainda é mais agravante.
Marcello Casal Jr/ABr |
Fatima News
Além da fome, a comunidade indígena sofre com a má distribuição da água, fator que castiga a população principalmente em tempos de calor intenso em que os termômetros chegam a registrar 40º graus no município. A população também denuncia que recebe alimentos estragados da cesta básica do Governo do Estado.
A indígena Marizangela de Souza, da Aldeia Jaguapiru, tinha apenas o arroz para dar aos quatro filhos menores na última segunda-feira. Ela diz que teme que as crianças fiquem doentes. “Já faz um tempo que agente não recebe a cesta da Funai, e a cesta do Estado só dá para uma semana. O jeito é pedir ajuda para os vizinhos”, destaca.
A indígena guarani Júlia Garcia, de 80 anos, vive em situação precária. Segundo ela, de uma hora para outra deixou de receber a cesta básica porque seu nome teria sido retirado do programa. Ela sobrevive com a ajuda da filha Lúcia Garcia, que também está sem receber os alimentos há três meses. Na casa dela, arroz e óleo são o que têm para comer na despensa.
A guarani Iolanda de Souza também sofre com os atrasos. Na outra cesta que recebe do Estado e que dá para uma semana, ela reclama que o feijão chega estragado. A realidade dela é confirmada por várias outras famílias. “O feijão é tão duro que não cozinha. É comida que nem animal come. As famílias jogam tudo fora este feijão”, destaca o capitão Renato de Souza.
FUNAI
O coordenador regional da Fundação Nacional do Índio de Dourados, Vander Nishijima, explica que o desabastecimento acontece em função da companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estar sem contrato com a transportadora de alimentos. O órgão é o responsável por encaminhar os alimentos para a Funai e o Incra.Segundo Vander, em reunião no último dia 15 com representantes da Conab, a Funai enfatizou a importância do órgão distribuir os alimentos já montados em cestas básicas e não em fardos como costuma ser.
“Quando isso acontece a Funai precisa disponibilizar metade do efetivo para montar cestas. Além de não serem contratados para esta função, os servidores acabam prejudicando o bom rendimento dos trabalhos no qual são responsáveis”, destaca.
Vander diz que a Conab já fez o processo de licitação e que também já houve a publicação em Diário Oficial com a contratação da empresa que fará o transporte. O documento informa que a partir do dia 12 a empresa pode dar início aos trabalhos.
No entanto, Vander explica que as cestas, que deverão ser distribuídas no Estado todo, não cheguem em todos as cidades ao mesmo tempo. Pensando nisso, a coordenação da Funai solicitou que sejam atendidos os acampamentos onde a situação de vulnerabilidade é maior e nas aldeias com o maior índice populacional como a Jaguapiru, Bororó em Dourados e a Tey Cuê em Caarapó.
Ao todo, a Funai de Dourados atende aldeias e acampamentos em 12 cidades da região. Segundo Nishijima, a última entrega de cestas básicas na aldeia Jaguapiru ocorreu em 24 de outubro do ano passado e a na Bororó no dia 28 de novembro de 2013.
A redação entrou em contato com a assessoria da Assistência Social para eventuais esclarecimentos sobre as denúncias de alimentos estragados que chegam na cesta básica distribuída pelo Estado, mas até o fechamento desta edição, a redação não obteve resposta.
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