19 de fevereiro de 2014

Comissão Nacional da Verdade: Audiência com ausências...


Por Tereza Amaral com Flávio Bittencourt

Longe de querer polemizar - mas, na verdade, lamentando - é uma pena que a Comissão Nacional da Verdade (ler matéria abaixo) não ouvirá depoimentos de uma das famílias indígenas mais violentadas em seus direitos humanos: Filhos e esposa do cacique assassinado Marcos Veron, chefe indígena da Aldeia Taquara, barbaramente assassinado em 2003. Os depoimentos ouvidos pela  CNV são do período que antecede a morte do cacique, mas familiares do clã Veron foram executados bem antes.
Cacique Ládio Veron foi torturado e quase queimado vivo
O evento inédito vai apurar violações de direitos humanos relacionadas à luta pela terra ou cometidas contra os povos indígenas no período de 1946 a 1988. E os desumanos casos na família Veron vem de longas datas. Ler AQUI! A viúva Júlia Cavalheiro é viva e o cacique Ládio Veron, torturado e quase queimado vivo, está neste momento em Resistência para defender a vida dos irmãos Guarani-Kaiowá na aldeia Apyka'i, sob litígio, e na iminência de mais uma reintegração. Ler sobre o atual chefe do tekoha Taquara AQUI! Leia também em matéria, à época do julgamento, do MPF!

Na falta de tão ricos depoimentos, e sem uma intelecção sobre a forma como os casos que serão apresentados foram selecionados - mas respeitando o trabalho da Comissão -, segue matéria publicada pelo CIMI:





Comissão Nacional da Verdade ouve indígenas de MS sobre expulsão de terras tradicionais




Evento inédito vai apurar violações de direitos humanos relacionadas à luta pela terra ou cometidas contra os povos indígenas no período de 1946 a 1988



A Audiência da Comissão Nacional da Verdade (CNV) em Dourados será realizada nesta sexta (21), a partir das 7:30, na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Estarão presentes a psicanalista e membro da CNV Maria Rita Kehl, o procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida e os pesquisadores Marcelo Zelic, Spensy Pimentel e Jorge Eremites de Oliveira. O evento é coordenador pelo professor Neimar Machado (UFGD).


Serão ouvidos indígenas de 5 diferentes comunidades guarani e guarani-kaiowá de Mato Grosso do Sul, que irão falar sobre episódios de violência durante a ocupação do estado por colonos, como assassinatos, expulsão de territórios tradicionais e confinamento em pequenas reservas. Especialistas irão conduzir os depoimentos, dada a dificuldade dos indígenas em se expressar em português.

A coleta de depoimentos oficiais pela Comissão Nacional da Verdade pode subsidiar futuras ações de indenização coletiva em favor das comunidades indígenas ou outras ações compensatórias.

Violência

A população indígena de Mato Grosso do Sul é a 2ª maior do país, com mais de 70 mil pessoas. A maior etnia é a dos guarani, que habitam territórios ao sul do estado. A taxa de mortalidade infantil entre a etnia guarani-kaiowá é de 38 para cada mil nascidos vivos, enquanto a média nacional é de 25 mortes por mil nascimentos. Já a taxa de assassinatos - cem por cem mil habitantes 3 é quatro vezes maior que a média nacional, enquanto a média mundial é de 8,8. O índice de suicídios entre os guarani-kaiowá é de 85 por cem mil pessoas.

Confira aqui a programação do evento.

Serviço:

Audiência Comissão Nacional da Verdade
21/02/2014 - 7:30 às 17:30
Violações de Direitos Indígenas (1946-1988)
Universidade Federal da Grande Dourados -
Rodovia Dourados - Itahum, Km 12 - Cidade Universitária.
Dourados (MS)

Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul
(67) 3312-7265 / 9297-1903
(67) 3312-7283 / 9142-3976
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