22 de junho de 2017

Jovens índios denunciam na Câmara violação de direitos contra os Guarani Kaiowá


Brasília - Lideranças e representantes da etnia Guarani Kaiowá participam de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Lideranças e representantes da etnia Guarani Kaiowá participaram de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos DeputadosMarcelo Camargo/Agência Brasil
Agência Brasil em ISTOÉ
Adolescentes e jovens indígenas entregaram hoje (21) à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados um manifesto com denúncias de violações de direitos contra o povo Guarani Kaiowá. A etnia se concentra principalmente na área da fronteira do estado de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e representa a segunda maior população indígena do país.
Brasília - Lideranças e representantes da etnia Guarani Kaiowá participam de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Brasília – Lideranças e representantes da etnia Guarani Kaiowá participam de audiência pública na Com Brasil)Marcelo Camargo/Agência Brasil
Segundo o líder Guarani Kaiowá Eliseu Lopes, a delegação da juventude veio à Brasília para falar da realidade difícil das crianças e jovens de várias aldeias da etnia. “Estamos buscando os direitos das crianças e adolescentes. Eles vivem debaixo de lona, bebem água suja, contaminada por agrotóxico, e sofrem ameaças de paramilitares. As crianças também são os que mais sofrem atropelamentos no Mato Grosso do Sul, porque são expulsas da terra”, relatou Lopez.
O grupo de jovens faz parte do Projeto Direitos e Cidadania de Crianças e Adolescentes, que atende, desde 2014, cerca de 300 jovens em cinco comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul. O objetivo do projeto é desenvolver metodologias de empoderamento e participação de crianças e adolescentes indígenas.
Reivindicações
Uma das principais reivindicações da liderança jovem é a melhoria da assistência médica e o fim da violência e mortes causadas por conflitos pela terra. “Estamos sendo muito massacrados, violentados, nossos direitos, garantidos em 1988, não estão sendo cumpridos. O genocídio tem sido frequente. Não utilizamos a terra como mercadoria,  a terra é nossa mãe, onde a gente cultiva. Sem a terra não tem educação,  não tem saúde,  sem terra não há vida”, afirmou o líder dos jovens Guarni Kaiowvá Jânio Rocha.
A líder Gionara Gomes acrescentou que é comum o desaparecimento de corpos, invasão de aldeias por pistoleiros, e reclamou que a aliança entre os fazendeiros e as autoridades locais levam à impunidade dos agressores. “Não é fácil viver numa área retomada, porque você não dorme direito, as crianças têm medo, porque toda hora tem tiro em cima. Isso não é vida pra gente” afirmou.
Brasília - Leila Rocha e Janio Avalo, lideranças da etnia Guarani Kaiowá, participam de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Leila Rocha e Janio Avalo, lideranças da etnia Guarani Kaiowá, participam de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os parlamentares da comissão subscreveram o documento e afirmaram que vão encaminhar as denúncias para as autoridades competentes. Houve também o pedido para inclusão das lideranças indígenas no programa de proteção de defensores de direitos humanos.
O secretário-executivo do Ministério dos Direitos Humanos, Johaness Eck, disse lamentar que os desafios enfrentados pelo povo indígena ainda não tenham sido superados nos últimos 30 anos sob a vigência da Constituição Federal,e disse que o projeto tem apoio da pasta.
“Assim como estamos apoiando esse projeto, o importante é que essas novas gerações, junto com as atuais, mantenham seus valores tradicionais e sejam empoderadas a participar da formação e da implementação de políticas públicas por parte do Estado”, afirmou Eck.

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