29 de junho de 2017

Aumento de violência contra indígenas tem influência da CPI da Funai, diz CNBB

Neste ano, 40 mortes foram registradas nas regiões camponesas; para dom Murilo, parlamentares desrespeitaram direitos conquistados pelos povos indígenas
Indígenas participaram da CPI da Funai, mas pouco foram ouvidos pelos parlamentares ruralistas





Somente neste ano, ao menos 40 mortes em conflitos no campo já foram confirmadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). De acordo com o vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Murilo Krieger, o aumento da violência nesta região é influenciada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Fundação Nacional do Índio (Funai), que criminalizou movimentos indígenas. O relatório final da CPI, apresentado no dia 9 de maio, indiciou mais de cem pessoas, entre lideranças indígenas, antropólogos, procuradores e missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). "Desde que a CPI começou a funcionar, aqueles que quiseram ocupar mais terras utilizaram mais violência para isso", afirmou, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Em nota, a CNBB manifestou apoio ao Cimi e denunciou desrespeito a direitos conquistados pelos povos indígenas. "O indiciamento de missionários do Cimi é uma evidente tentativa de intimidar esta instituição tão importante para os indígenas, e de confundir a opinião pública sobre os direitos dos povos originários", disse o texto.
Segundo Dom Murilo, a CPI, formada por ruralistas, foi anti-democrática e unilateral, pois "só deu voz para quem era contra os indígenas". "Essa CPI só não sentenciou fazendeiros. A CNBB prestou apoio porque vimos que é uma comissão com cartas marcadas, feita para condenar aqueles que defendem indígenas. Eles querem mostrar que os índios não têm direitos e que suas terras podem virar fazendas", criticou. Ouça entrevista aqui.

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