"O meu povo não vai voltar para a beira da estrada. Eles terão que nos matar aqui onde pistoleiros assassinaram meu pai, o cacique Marco Veron, na minha frente, me torturaram e quase me queimaram vivo"
Reproduzida do Google |
Por Tereza Amaral
Um banho de sangue sem precedentes pode acontecer em aldeias Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Terras anteriormente reconhecidas como sendo indígenas pelo Ministério da Justiça estão tendo seus laudos antropológicos invalidados num genocídio legislativo promovido pela Farmasul.
E o que é pior: vem sendo acatado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que já anulou Portaria Declaratória n° 3.219 do Ministério da Justiça de 2009, que reconhecia a Terra Indígena (TI) Guyraroká como sendo tradicional - só faltava ser homologada por Dilma - da Kurussu Ambá ( Ver link http://migre.me/mpQZu) e está prestes a decidir pela Takwara.
Numa decisão pra lá de equivocada, o STF desqualificou a posse imemorial como critério para demarcação das terras indígenas, fundamentado-se numa interpretação do “marco temporal. Traduzindo: seguindo a mesma orientacão do caso Raposa Serra do Sol (RR) - ocupação em 1988 -, os ministros consideraram que os Guarani-Kaiowá não viviam na área naquele ano.
Takwara
"O meu povo não vai voltar para a beira da estrada. Eles terão que nos matar aqui onde pistoleiros assassinaram meu pai, o cacique Marco Veron, na minha frente, me torturaram e quase me queimaram vivo". Com a voz determinada, o cacique Ládio Veron disse, hoje, por telefone, que caso o STF também decida anular o laudo da aldeia Takwara, o governo e a justiça façam do local um cemitério da família Veron. Quinze familiares já foram mortos no local.
O líder resistente fez questão de explicar que o seu sobrenome - Veron - foi "ferrado" pela Companhia Mate Laranjeira quando tentou expulsar seus ancestrais e, não conseguindo, deu início ao processo de escravidão marcando os indígenas com seu sobrenome, isso antes da criação do SPI (Serviço de Proteção ao Índio). Sobrenomes foram utilizados para registrar os índígenas. "Nós fomos escravizados por uma família de franceses e descendentes espanhóis que vieram da Argentina".
O chefe indígena informou que o porta-voz da Aty Guasu, antropólogo Tonico Benites, viaja hoje a Brasília para acompanhamento do processo da Tkwara, dentre outros. Ele desmentiu a declaração deputado estadual Zé Teixeira (Comissão de Desenvolvimento Agrário e Assuntos Indígenas) que disse só ter paraguaios no seu tekoha. "Uma equipe acabou de realizar mas um documentário aqui e viu que só tem Guarani-Kaiowa", afirmou o cacique.
Kurussu Ambá _ Foto Natanael Caceres |
Preocupado com a situacão dos indígenas da aldeia Kurussu Ambá, o chefe indígena Ládio Veron informou que há pistoleiros por toda parte no entorno da aldeia. "Achamos que vão tentar tirar os nossos patrícios à força até segunda-feira", disse, apelando para que alguém os ajude, pois todos estão "desesperados".
Terra em Sangue
O novo genocídio legislativo num momento de sucessão presidencial passa por cima de cadáveres de lideranças que tombaram lutando pelos seus tekohas. Marco Veron, Ambrósio Vilhalva e a rezadora Xurite Lopes são apenas três das inúmeras vítimas do genocídio Guarani-Kaiowá. Leia em links abaixo:
Cacique Marco Veron (http://migre.me/mq0MF)
Rezadora Xurite Lopes (http://migre.me/mq1n1)
Ambrósio Vilhalva (http://migre.me/mq2rV)
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