As cerca de 13 famílias da retomada de Santiago KueKurupi ocupam hoje um pequeno recorte de mato próximo à BR – 163, nas imediações do município de Naviraí – MS. Uma das bordas do mato ocupado pelos indígenas faz divisa direta com o interior de uma fazenda conhecida como Tejuí.
Os indígenas relatam que Ivo encontrava-se sentado em sua cadeira de rodas na parte do fundo do mato enquanto sua esposa construía um pequeno barraco a poucos metros do local.
Ao escutar barulhos identificados como o de um veículo que se aproximava silenciosamente de onde Ivo estava, a mulher retornou em justo tempo de ver o idoso sendo levado por um “funcionário” que partia em direção até onde estava parada uma caminhonete. Na direção do veículo foi reconhecido pelos indígenas a figura de um fazendeiro local.
Com os gritos de socorro da mulher, os jovens correram enquanto Ivo era largado no interior do veículo. Houve um prenúncio de conflito. Os indígenas, aproveitando que o automóvel teve dificuldade de se movimentar em terreno acidentado, conseguiram quebrar o vidro traseiro da caminhonete por onde um jovem puxou Ivo. O funcionário teria tentado sacar um revólver, mas com a aproximação de muitos indígenas optou por entrar no veículo. A caminhonete conseguiu finalmente arrancar, quase atropelando membros da comunidade, e sumiu por entre os arbustos até o terreno que dá acesso a fazenda.
A violência direta contra indígenas em Santiago Kue/Kurupi é pratica antiga dos fazendeiros da região e já é a tempos de conhecimento das autoridades e dos órgãos responsáveis por garantir a segurança dos indígenas. Nos relatos orais colhidos junto aos idosos da comunidade, assassinatos, tortura e despejos a tiros estão presentes na memória coletiva dos entrevistados, sem exceção.
Ainda em 2011, Enio Martin, indígena de 19 anos, denunciou ao MPFagressões sofridas por ele e demais membros da comunidade pelos pistoleiros, porém nenhuma providência foi tomada, nem naquele momento, nem depois.
O Conselho Indigenista Missionário volta a denunciar as práticas de violência acometidas contra a comunidade Indígena de Santiago KueKurupi, a omissão do governo e dos órgãos responsáveis por garantir a segurança dos indígenas bem como o esquema de paralisação das demarcações indígenas, que potencializa exponencialmente a violência contra os povos originários.
Enquanto a influência ruralista se espalha institucionalmente pelas esferas Executiva, Legislativa e Judiciária, provocando retaliações graves aos direitos constitucionais dos povos originários, a nível local a violência direta por parte dos fazendeiros e pistoleiros se manifesta de maneira cada vez mais absurda e covarde. E assim os povos indígenas são penalizados pelo seu direito básico e inevitável de resistir em sua terra e buscar a mínima possibilidade de viver e de existir.
NOTA: Título alterado por este Blog
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