10 de outubro de 2013

Em que situação e condição atual os integrantes do povo nativo Guarani-Kaiowá se suicidam?

Aty Guasu
Foto _ Compartilhada de Heitor Karai Awá-Ruvixá Gonçalves
Quando começou o suicídio epidêmico Guarani-Kaiowá? O suicídio ocorreu mais nas “Reservas Indígenas”? Nas Terras Guarani-Kaiowá tradicionais recuperadas recentemente aconteceu o suicídio Guarani-Kaiowá?
Esta nota dos líderes da Aty Guasu visa responder resumidamente essas perguntas acima.
É importante destacar que a taxa de suicídio Guarani-Kaiowá é mais elevada do Mundo/Planeta Terra. Nos últimos 30 anos mais de 1.000,00 (um mil) praticaram o suicídio por enforcamento, utilizando corda, cinto e pano.
Nos interior de 08 “Postos Indígenas/Reservas Indígenas” os integrantes de povos indígenas Guarani-Kaiowá começaram a praticar o suicídio, marcadamente a partir de 1980.
Antes de 1980, nas terras antigas ou nos territórios tradicionais não teve registro de suicídio de nativos Guarani-Kaiowá. Tendo em vista que em meados de 1960 e 1970, a maioria das comunidades Guarani-Kaiowa ainda residiam e viviam nos seus territórios tradicionais/antigos, a partir de 1970 os indígenas Guarani-Kaiowá foram expulsos e dispersos de suas terras antigas, despejados nas pequenas reservas indígenas criadas pelo primeiro órgão indigenista do Governo Militar do Brasil.
Um dos motivos principais que estimula a prática de suicídio são a perda de seus territórios antigos, condições instáveis das famílias indígenas depois de retiradas e desligamentos dos Guarani-Kaiowa de suas terras antigas e de seus recursos naturais, confinamentos nas pequenas terras, sem mais recursos, sem mais floresta, disputa permanente pelo espaço de terra no interior das “reservas indígenas”.
Ficam evidentes que hoje os 40.000,00 Guarani-Kaiowa se encontram sem mais espaços de terras para manter as suas formas de ser e viver autônomas, assim se sente envergonhados de viver humilhados, se sentem muitos tristes, inseguros, instáveis e com medo, passam fome e miséria, não tem mais as suas lavouras agrícolas, não tem mais esperança de viverem melhor, foram e são explorados e escravizados pela usina de álcool de cana de açúcar.
As comunidades que lutam pela recuperação demarcação das terras tradicionais sofrem as violências promovidas pelos fazendeiros.
Até 1970, os Guarani e Kaiowá não viveram confinados e encurralados nas “reserva indígena” os Guarani e Kaiowá viviam de modo autônomos, saudáveis e não passavam fome e nem miséria. Tinha tudo, tinha caça, pesca e produziam os seus alimentos, não se humilhavam, não consumiam as bebidas alcoolicas e drogas. A partir de final de 1970, o povo Guarani e Kaiowá sofreu o processo de confinamento/aprisionamento que já gerou diversa perda de referencia de tradições culturais, passando a viver numa situação instável, triste e inseguro por isso, as novas gerações entram em estado de tristeza, desespero, perplexo e sem mais suporte/organização social seguro de ser e de viver como povo Guarani e Kaiowá. Nesse contexto em que ocorreu e ainda ocorre o suicídio Guarani-Kaiowá.
É fundamental revelar que nas terras indígenas tekoha recuperadas, terras indígenas reconhecidas e devolvidas pelo Governo e Justiça Federal em meados de 1990, os membros Guarani-Kaiowá pararam de praticarem o suicídio. Nas terras antigas recuperadas, os Guarani-Kaiowá resgataram as suas alegrias, o fundamento de bem viver, onde se sentem seguros e estável, por isso não ocorrem mais suicídio nas terras recuperadas em 1990. Enquanto nos oitos (08) reservas indígenas superlotadas não pararam, continuam ocorrendo o caso de suicídio.

Evidentemente esse fato ocorreu em decorrência da perda definitiva dos territórios antigos, os indígenas Guarani e Kaiowá permanecem ocupando a posição social humilhada, escravizada, subalterna e, sobretudo vivem na condição humilhada, constrangida, instável desligado de seus territórios antigos. Essa condição social instável distanciado de seus territórios antigos levam os indígenas jovens ao estado de desespero e miséria que causa as violências variadas e suicídios epidêmicos.
Por essa razão, Aty Guasu luta pela recuperação das terras Guarani-Kaiowá tradicionais para combater o suicídio.
Atenciosamente,
Tekoha Guasu, 09 de outubro de 2013
Aty Guasu contra o genocídio.

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