Após pressão, Temer já havia desistido de indicar um militar da reserva. Movimentos fizeram marcha; secretário-executivo da Justiça receberá grupo.
Indígenas de sete etnias protestaram na manhã desta quarta-feira (13) em frente à sede da Funai, em Brasília, contra a indicação do general do Exército Franklimberg Ribeiro de Freitas para a presidência do órgão. Por pressão do grupo, o presidente interino, Michel Temer, já havia desistido da indicação do também general da reserva Sebastião Roberto Peternelli Júnior para o cargo. Os funcionários do órgão foram liberados por causa do ato.
Os manifestantes pedem a indicação de um representante da causa indígena. Um dos líderes dos guarani-kaiowá, Natanael Vilharba diz que o governo tem "desrespeitado os índios". "Nós nos opomos às mudanças feitas na Funai. O governo tem tentado desestruturar o órgão e a nossa luta."
Indígenas marcham no centro de Brasília nesta quarta-feira (13) em protesto contra a indicação de general do Exército para a presidência da Funai (Foto: Alexandre Bastos/G1)
O grupo seguiu em marcha para o Ministério da Justiça no início da tarde, ocupando uma via. De acordo com a pasta, líderes foram recebidos pelo secretário-executivo, José Levi do Amaral Junior, em uma reunião às 13h.
Eles levaram documentos com denúncias de"genocidio indígena", "impactos ambientais da usina de Belo monte" e cobranças de "promessas ainda não cumpridas pelo governo", segundo os indígenas.
"A PEC 215 dá liberdade para os fazendeiros exterminarem nossas etnias. Estão legalizando a morte dos indígenas", afirmou o líder guarani-kaiowá.
O ato reúne representantes de etnias pataxó, jê, xakriabá, guarani-kaiowá, javaé, karajá, e kamaiurá. Eles vieram de estados como Tocantins, Goiás e Mato Grosso. Um carro do Detran fazia a proteção do grupo em meio ao trânsito.
Indígenas estendem faixa em frente ao Ministério da Justiça, no centro de Brasília nesta quarta-feira (13), durante protesto (Foto: Alexandre Bastos/G1)
Com gritos de "quem não pode com o índio não invade a terra dele", os indígenas pediam também demarcação das terras. A Polícia Militar foi dispensada pelo presidente em exercício da Funai, Artur Nobre.
Polêmica
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou no dia 5 de julho, após se reunir com lideranças indígenas, que o general da reserva Sebastião Roberto Peternelli Júnior, indicado pelo PSC para a presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), não assumirá o posto porque o governo procura alguém com "outro tipo de perfil”.
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A indicação do general motivou uma reunião no Planalto, entre Moraes, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e lideranças indígenas.
Em troca do apoio do PSC no Congresso Nacional, o governo havia acertado que caberia ao partido indicar um nome para a presidência do órgão, e a legenda sugeriu Peternelli Júnior. A informação de que o general estava indicado para o órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, foi divulgada na edição desta quarta do jornal “Folha de S.Paulo”.
“Não há nenhum veto pessoal ao indicado pelo PSC, mas não será ele o presidente da Funai, porque já estamos em negociação com outro tipo de perfil e coloquei isso na reunião [com os índios]. Estamos procurando um perfil que já tenha um perfil histórico de diálogo com as comunidades indígenas para aquilo que estamos planejando”, disse o ministro na ocasião.
Indígenas protestam em Brasília contra indicação de outro general para presidente da Funai e pedem demarcação de terras (Foto: Alexandre Bastos/G1)
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