20 de novembro de 2014

Aty Guasu divulga Carta solicitando audiência com a presidente Dilma Rousseff

Foto _ Aty Guasu
 


Aty Guasu encaminha a carta aberta em que consta a decisão e reivindicações à Presidenta da República do Brasil. 18/11/2014 na Assembleia Geral em tekoha Guaiviry onde foi assassinado cacique Nisio Gomes, 3 anos cadáver ocultado, diante disso mais de 300 lideranças, representando 20.000 mil Guarani e Kaiowa relembram da luta do cacique Nisio e declaram e amplificam apoio à resistência Guarani e kaiowa. " custem o que custar vamos recuperar as nossas terras ancestrais, se for preciso morrer todos para recuperar as nossas terras, vamos resistir até morte" declaram e solicitam diálogo com Presidenta da República. Lideranças do Aty Guasu solicitam apoio solidário de todos (as), apoiem a nossa luta e resistência, tudo pela vidas mais dignas da nova geração Guarani Kaiowa. Segue o resumo de decisão e reivindicações na carta do Aty Guasu.


Tekoha Guaiviry-Aral Moreira-MS, 19 de novembro de 2014.
De: lideranças do Aty Guasu, Grande Assembleia do povo Kaiowa e Guarani 
Para: Presidenta da República do Brasil, Excelentíssima Dilma Rousseff, Ministro da Justiça, Procurador Geral do Ministério Publico Federal/MPF, Presidente do Supremo Tribunal Federal/STF. 
Assunto: Decisão do Aty Guasu e a solicitação de audiência com Presidenta da República do Brasil Dilma Rousseff
No dia 18 de novembro de 2014, completam 3 anos de assassinato de cacique NISIO GOMES,O CADAVÉR DE NISIO FOI OCULTADO PELOS FAZENDEIROS, E DEMARCAÇÃO ESTÁ PARALISADA PELO GOVERNO E JUSTIÇA FEDERAL, POR ESSA RAZÃO, entre os dias 17 e 19 nós trezentos lideranças de Aty Guasu, representando mais de 20.000 mil povo Guarani e Kaiowa reunimos no tekoha Guaiviry para confraternização histórica, relembramos a luta de várias lideranças assassinadas pelos fazendeiros nos últimos 12 anos na luta pela recuperação das terras ancestrais, destacando cacique Nisio Gomes, líder Marco Veron, Rolindo Vera, prof. Genivaldo Vera, Dorival Benites, Dorvalino Rocha, Eduardo Pires, Rosalino Solano Lopes, entre outras. Concluímos que todos os assassinos/fazendeiros continuam impunes pela Justiça do Brasil. Além disso, constatamos que todos os processos de demarcação das terras indígenas Guarani e Kaiowa se encontram totalmente paralisadas pelo governo e justiça federal. Tanto as lideranças como os integrantes das comunidades estão ameaçadas de morte, está sendo atacada todo dia. Verificamos que existem mais de quatros (04) ordens de despejo em curso e violências permitidas contra Guarani e Kaiowa, expedidas pela Justiça Federal. Todas as semanas, ou quase cada dia um Guarani e Kaiowa sofre violência e ataque por pistoleiros das fazendas. No dia 17/11/2014, durante a nossa reunião recebemos mais uma notícia de ataque à comunidade de Kurusu Amba, uma menina/estudante, 17 anos na tekoha Kurusu Amba foi atropelada e torturada e largada na estrada pelos pistoleiros e não foi socorrida por mais de 12 horas. Ao mesmo tempo, por três dias consecutivos, ouvimos e vemos os disparos de armas de fogos na entrada e no entorno do tekoha Guaiviry, atirando em direção de nossa assembleia Guarani e Kaiowa. Concluímos que os pistoleiros das fazendas estão atacando e humilhando muitos o povo Guarani e Kaiowá, pois nunca foram julgados e punidos pela justiça do Brasil. Constatamos que não há mais segurança e proteção para as crianças, mulheres e idosos, diante desses fatos relatados, nós lideranças discutimos e decidimos em proteger as nossas comunidades em ameaça de morte coletiva, isto é, nós indígenas mesmos nos proteger dos pistoleiros. Na reunião, as lideranças de tekoha Kurusu Amba narra que as comunidades no final de mês sofrerão violências, massacre e despejo promovidos pela Justiça Federal de Ponta Porã-MS, uma mega operação da Polícia Federal está sendo montada para atacar indígenas de Kurusu Amba no começo de dezembro de 2014. Frente ao fato, declaramos apoio solidário à resistência da comunidade de Kurusu Amba em iminente ameaça de morte e de despejo tanto pelos pistoleiros quanto pela justiça. Na assembleia geral também avaliamos as posições do Governo e da Justiça Federal frente às demandas e situações gerais de nosso povo Guarani Kaiowa, que de fato, os nossos Direitos Constitucionais são ignorados pelo Governo e Justiça do Brasil, no último ano, o Estado brasileiro somente autoriza violências contras os povos indígenas, permitindo o extermínio de povo Guarani e Kaiowa. Antes de declaração definitiva de confronto e reação do povo Guarani e Kaiowa contra as violências dos pistoleiros das fazendas, antes de tudo, solicitamos uma audiência urgente com o Presidenta da República do Brasil Dilma Rousseff, a principio queremos ouvir e entender a posição da Presidenta da República do Brasil sobre a demarcação das terras Guarani e Kaiowa, antes de tudo, queremos e esperamos a resposta do Governo Federal. Em resumo, essas são as nossas demandas urgentes. Nós todas as lideranças Guarani e Kaiowa presente, já decidimos em apoiar a recuperação de nossas terras em demarcação, apoiamos a resistência do tekoha Kurusu Amba e de outras comunidades e povos indígenas no Mato Grosso do Sul. Avaliamos que não temos mais alternativa de aguardar as promessas do governo federal. Por fim mencionamos alguns fatos da justificativa de RESISTÊNCIA GUARANI E KAIOWA que no dia 18/11/2014, completam três (03) anos de assassinato de cacique NISIO GOMES e ataque à comunidade Guarani e Kaiowa de tekoha Guaiviry por pistoleiro das fazendas, o cadáver de líder Nisio foi ocultado pelos fazendeiros até hoje, e a Justiça do Brasil não julga e nem condena os assassinos. No dia 1 de novembro completam cinco (05) anos assassinatos de Genivaldo Vera e Rolindo Vera, os assassinos são impunes, o cadáver de prof. Rolindo Vera foi ocultado também pelos fazendeiros, e Terra Indígena YPO’I não foi demarcada, processo de demarcação está paralisado. Todas as comunidades de Terras Indígenas em litígio, crianças, mulheres, idosos sofrem miséria e fome, sofrem cerco de pistoleiros armados, são ameaçadas de morte e de despejo, todos os dias, cansamos de reclamar, entendemos que o Governo e Justiça do Brasil não tomam medidas concretas para demarcar as nossas terras indígenas. Aguardamos a resposta da Presidenta do Brasil Dilma Rousseff. 

Atenciosamente,
Tekoha Guaiviry-Aral Moreira, 19 de novembro de 2014
Lideranças do Aty Guasu Guarani e Kaiowa e comunidades de tekoha Guaiviry





Nenhum comentário:

Postar um comentário