31 de janeiro de 2014

Prisão dos indígenas Tenharim

Dois filhos do cacique Ivan Tenharim, morto em 
dezembro, e o cacique da aldeia Taboca estão 
detidos.
Sumiço gera conflitos na região; PF não divulgou 

informações sobre vítimas


Buscas são feitas em área de reserva, em Humaitá
(Foto: Divulgação/54º BIS)

Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quinta-feira (30), cinco indígenas da etnia Tenharim suspeitos de envolvimento no desaparecimento de três homens no km 180, da BR-230 (Transamazônica), no Sul do Amazonas. A operação contou com apoio de 400 homens da PF, Exército, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Para efetuar a prisão dos indígenas, a Transamazônica ficou fechada por mais de 12h. De acordo com a PF, os cinco presos são das aldeias Marmelo, Taboca e Campinho. Entre os presos, segundo a PF, estão um cacique da aldeia Taboca e dois filhos do cacique Ivan Tenharim, morto no dia 2 de dezembro.
Os índios foram encaminhados em um helicóptero para a Superintendência da Polícia Federal emPorto Velho, onde deverão ficar detidos temporariamente por 30 dias. O inquérito que investiga o desaparecimento dos três homens deve ser concluído também em 30 dias. Durante mais de um mês de buscas na aldeia, os policiais encontraram somente peças que podem ser do veículo utilizado por Luciano Freire, Aldeney Salvador e Stef Pinheiro. Nenhuma informação sobre o paradeiro das vítimas foi divulgada.
Desaparecimento gera conflitos na região
Luciano Freire, Aldeney Salvador e Stef Pinheiro foram vistos pela última vez no dia 16 de dezembro de 2013 na BR-230, nas proximidades da reserva Tenharim-Marmelo. O desaparecimento dos três gerou revolta na população dos municípios de Humaitá, Apuí e no distrito de Santo Antônio do Matupi. A população acusa os índios pelo sumiço. Segundo  moradores, os crimes seriam uma retaliação pela morte do cacique Ivan Tenharim, cujo corpo foi encontrado em um trecho da rodovia com sinais de espancamento no início do mês de dezembro.
Moradores dos municípios de Apuí e Humaitá promoveram diversos protestos no dia 25 de dezembro para cobrar agilidade da Polícia Federal em Rondônia (PF-RO) nas buscas pelos desaparecidos. Os manifestantes chegaram a atear fogo em carros, barcos e nas sedes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e antigas instalações da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Humaitá. No dia seguinte, policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Amazonas seguiram para o município.

Apesar do reforço policial, o Sul do estado continuou registrando conflitos. Um grupo de madeireiros e fazendeiros ateou fogo em casas localizadas em uma aldeia indígena situada na área do município de
 Manicoré.Após os ataques, 143 indígenas foram abrigados no 54º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), em Humaitá. A Justiça atendeu ação do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) e os índios retornaram às aldeias seis depois com a escolta do Exército.
A região recebeu mais reforço da Polícia Federal e homens da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) auxiliaram nas ações de segurança pública desencadeadas noAmazonas no mesmo período. O Exército e Polícia Rodoviária Federal (PRF) também apoiam as ações na região. Cerca de 500 homens atuam nas operações.
No dia 3 de janeiro, equipes dos órgãos de segurança que participam das buscas pelos homens encontraram vestígios de um veículo incendiado, segundo nota divulgada pela Polícia Federal em Rondônia. Nenhum dos desaparecidos foi encontrado. As peças encontradas ainda passam por análise para confirmar se são do mesmo veículo dos desaparecidos.
Além do desaparecimento dos indígenas, os moradores reclamam ainda da cobrança de pedágio feita pelos índios em um trecho da Transamazônica. Os Tenharim suspenderam a cobrança. Entretanto, a divulgação de que eles estão planejando retornar com a taxa a partir de fevereiro motivou novos protestos. Moradores de Humaitá iniciaram a coleta de assinaturas para pedir que a prática seja totalmente abolida.
Após uma negociação entre os indígenas e representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República, ficou definido que a cobrança de pedágio continuará suspensa até que as políticas públicas solicitadas ao governo federal sejam analisadas.

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