Ex-missionário Warren Scott Kennell, 45
anos, condenado a 58 nos por abuso
sexual de meninas indígenas na Amazônia
brasileira pela Corte dos Estados Unidos trabalhou seis anos em um posto da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), na aldeia Sete Estrelas, onde vivem índios katukina e yanawawá (AC)
Índios katukina vivem no Estado do Acre. Foto _ Arquivo pessoal Por Amazonia Real
O ex-missionário Warren Scott Kennell, de 45 anos, condenado na última terça-feira (28) a 58 anos de prisão pela Corte dos Estados Unidos por abuso sexual de meninas indígenas na Amazônia brasileira, trabalhou durante seis anos, de 1995 a 2001, em um posto da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB) na aldeia Sete Estrelas, onde vivem índios katukina e yanawawá, no Estado do Acre.
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Com dupla cidadania (brasileira e norte-americana), Kennell recebeu um nome indígena, Arô, circulava em várias aldeias da região, sabia falar fluentemente a língua katukina e mesmo já tendo se retirado do posto da MNTB na reserva, ele continuou visitando a área até em 2013. Segundo a coordenação da MNTB, Kennell foi desligado da instituição após ser detido no aeroporto de Orlando, na Flórida, Estados Unidos, ano passado.
As investigações contra Warren Scott Kennell começaram em maio de 2013 quando ele foi preso ao desembarcar no aeroporto de Orlando de uma viagem proveniente de Manaus (AM) pela agência ICE (Immigration and Customs Enforcement), integrada no Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que apura crimes de pedofilia.
Dentro da bagagem de mão do ex-missionário, os agentes da ICE encontraram um disco rígido externo com 940 imagens pornográficas de meninas indígenas. A prisão de Kennell desencadeou a Operação Ímpio pela Polícia Federal, que investiga a atuação dele nos Estados do Acre e do Amazonas.
Segundo o delegado Rafael Machado Caldera, da PF do Amazonas, que coordena as investigações da Operação Ímpio, na ocasião da ação foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão na sede da MNTB, em Manaus, e em uma antiga residência de Kennell em Cruzeiro do Sul (AC).
Um inquérito foi aberto para apurar os crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, entre eles, o de fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente na internet, e o estupro de vulnerável. “Ele será julgado pela lei brasileira”, disse o delegado.
De acordo com o delegado, as investigações se centralizam agora na identificação das vítimas de Warren Kennell, que foram abusadas quando crianças com o objetivo de esclarecer os fatos e prestar assistência às vítimas. Caldera afirmou que, embora Kennell tenha atuado a maior parte em aldeias katukina, não se pode dizer ainda que os abusos tenham sido cometidos contra meninas desta etnia, já que ele trabalhou entre outros povos indígenas.
Caldera disse que o trabalho de localização tem restrições já que nas fotografias das meninas indígenas não existem referências delas. Em algumas fotos nem mesmos os rostos delas aparecem. Outro obstáculo é que as vítimas estariam agora com idades entre 14 e 16 anos.
“Isso dificulta o nosso trabalho de identificação porque temos fotos de crianças com aparência de 8 e 9 anos. A agência ICE está nos auxiliando no que for necessário para identificar essas meninas, inclusive no fornecimento de auxílio às famílias delas”, disse o delegado Caldera.
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