Após decisão judicial determinando a reintegração de posse de cerca de nove mil hectares, em 14 propriedades rurais de Japorã, a 487 quilômetros da Capital, a tensão se instalou no município.
A comunidade indígena mobilizou 900 homens para resistir e promete “aguentar até o último fôlego”. “A ordem é resistir até a morte”, declarou Roberto Guarani, 32 anos, integrante da aldeia.
Segundo ele, no dia 10 de dezembro, a comunidade foi intimada sobre a decisão de reintegração de posse. “A juíza determinou o uso de força policial e oito agentes da Polícia Federal foram até a área”, contou. Em resposta, os índios teriam cobrado a presença da Funai (Fundação Nacional do Índios).
De acordo com Roberto, os policias disseram “não ter nada a ver com a fundação e que vieram até a área cumprir decisão judicial”. “O problema é que eles apontaram armas a parentes nossos e nos ameaçaram”, relatou o índio. Na intimação, conforme ele, a Justiça deu 10 dias para a comunidade sair das propriedades.
Alegando não ter aonde produzir para sustentar os cinco mil indígenas, a comunidade decidiu resistir. “Estamos um em cima do outro em 1,6 mil hectares e, a cada ano, nascem mais 200. Se tivéssemos dinheiro iríamos construir prédios”, comentou.
Para o combate, a comunidade mobilizou 900 homens e faz rituais religiosos em busca de proteção. “Não temos armas, a nossa defesa é coragem, a crença, o arco e a flecha”, disse Roberto. Ele informou ainda que os “parentes” ocuparam os “quatro cantos das propriedades”, onde iniciaram o cultivo de alimentos e construíram ocas.
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