O prédio da Fundação Nacional dos índios (Funai) em Humaitá (a 675 quilômetros de Manaus) foi incendiado na noite desta quarta-feira (25) em protesto à falta de respostas das autoridades policiais e governamentais sobre o desaparecimento de três homens há mais de uma semana.
Familiares acreditam que eles tenham sido apanhados por índios da reserva Thenharim, localizada no quilômetro 85 da BR-230 (Transamazônica), onde foram vistos pela última vez dia 16 de dezembro.
Luciano Ferreira Freire, representante do Atacadão Manaus, Stef Pinheiro, professor de Apuí, e Aldeney Ribeiro Salvador, funcionário da Eletrobrás Amazonas Energia seguiam de Humaitá para o quilômetro 180, onde fica a comunidade Santo Antônio do Matupi, no município de Manicoré (a 390 quilômetros de Manaus).
O rapto dos homens pelos indígenas seria uma retaliação à morte, até o momento não explicada, do cacique Ivan Tenharin, encontrado agonizando na estrada, após de ter supostamente caído de uma motocicleta no trecho da estrada entre a aldeia do ‘Campinhu’ e o distrito de Matupí.
Os índios negam que tenham feito qualquer coisa com os homens, mas pessoas próximas às vítimas não acreditam e comentam, inclusive, que eles podem ter sido mortos.
A população está revoltada e agora ameaça tocar fogo em outros prédios públicos de Humaitá. Carros também foram queimados e virados nas ruas. Diversos policiais já foram feridos.
Estimativas de moradores dão conta de que, pelo menos, cinco mil pessoas participem dos protestos. Indígenas que estavam em Humaitá se refugiaram no prédio do 54º Batalhão de Infantaria de Selva, sob a proteção do Exército.
Desde a tarde de terça-feira (24), familiares e amigos dos homens desparecidos interditaram a balsa que faz a travessia, pelo rio Madeira, de Humaitá para o Apuí, e o protesto se intensificou na tarde desta quarta, com a junção de outras centenas de pessoas.
A reportagem tentou contato com as autoridades policiais locais, mas, devido ao tumulto na cidade e ao feriado de Natal, não obteve sucesso.
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