Por Renato Santana,
Um militar proprietário de terras é o novo coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. O coronel reformado do Exército Renato Vida Sant’Anna teve a nomeação publicada na edição desta quinta-feira, 10, do Diário Oficial da União (DOU). Evair Borges, coordenador exonerado, declarou que foi pego de surpresa, durante o expediente, e não sabia que a substituição ocorreria.
A indicação do coronel foi assumida à imprensa sul-mato-grossense pelo deputado federal ruralista Carlos Marun (PMDB/MS). O parlamentar afirmou que a indicação se deu pela “vasta história de trabalho nessa área” do coronel e também “por uma questão histórica de amizade entre militares e os índios”. A notícia de que o militar foi nomeado para coordenação da Funai gerou revolta entre os indígenas do Mato Grosso do Sul.
Na tarde desta quinta, indígenas Terena ocuparam a sede da Funai em Campo Grande contra a nomeação. O escritório atende as terras indígenas Água Limpa, Buriti, Buritizinho, Cachoeirinha, Guató, Kadiwéu, Lalima, Limão Verde, Nioaque, Nossa Senhora de Fátima, Ofayé-Xavante, Pilad Rebuá e Taunay/Ipegue. “Este governo deseja militarizar a Funai novamente e sabemos que isso não é bom”, diz Lindomar Terena.
O Terena explica que as tentativas de militarizar a Funai tiveram início tão logo Michel Temer assumiu o Palácio do Planalto depois do golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff. Em julho deste ano, o general Roberto Sebastião Peternelli, integrante do PSC, chegou a admitir que recebeu o convite e aceitaria assumir a presidência da Funai - a articulação foi do senador Romero Jucá (PMDB/RR).
“Não vamos aceitar essa mudança. É um retrocesso muito grande: um coronel indicado pelos ruralistas? Querem acabar com a gente mesmo, mas vamos resistir e não vamos aceitar isso”, diz Lindomar , da Terra Indígena Cachoeirinha. Para o coordenador regional da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), professor Alberto Terena, “o direito de consulta foi desrespeitado e isso é ruim para o nosso diálogo com o governo”.
“Não vamos aceitar essa mudança. É um retrocesso muito grande: um coronel indicado pelos ruralistas? Querem acabar com a gente mesmo, mas vamos resistir e não vamos aceitar isso”, diz Lindomar , da Terra Indígena Cachoeirinha. Para o coordenador regional da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), professor Alberto Terena, “o direito de consulta foi desrespeitado e isso é ruim para o nosso diálogo com o governo”.
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