Nhanderus Adelino e Sergio Paulo (direita). |
Por Indio Cidadão?
com Tereza Amaral
Ao enviar material abaixo, Rodrigo Arareju conversou antes, via telefone, com o delegado Benjamin Lax. A autoridade policial disse que o Nhanderu Sergio Paulo havia sido solto solto no dia 19/05. A família afirma que ele ainda não retornou e há temores sobre seu desaparecimento ou até morte. Confira matéria a seguir (TA):
ATY GUASU SE PRONUNCIARÁ SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DE LIDERANÇA TRADICIONAL E AS NOVAS OFENSIVAS CONTRAS RETOMADAS
ATY GUASU SE PRONUNCIARÁ SOBRE A CRIMINALIZAÇÃO DE LIDERANÇA TRADICIONAL E AS NOVAS OFENSIVAS CONTRAS RETOMADAS
Membros do Grande Conselho Aty Guasu Kaiowa e Guarani manifestaram preocupação diante do agravamento do quadro de violência institucional e da intensificação de hostilidades nas áreas de retomadas dos territórios tradicionais no Mato Grosso do Sul. Impera o estado de alerta no Tekoha Kurusu Amba, no município de Coronel Sapucaia, em decorrência das investidas de milícias. Também há relatos de ataques nos Tekohas Pyelito Kue, Santiago Kue e Ypo’i.
Na noite da última sexta-feira (15/05), a Polícia Civil de Caarapó realizou operação no Tekoha Takuara e efetuou a prisão do nhanderu Sergio Paulo. Segundo relatos de fotos locais, o delegado Benjamin Lax (foto) comandou a incursão no território do Tekoha Takuara, com quatro viaturas – sem identificação. As lideranças indígenas alegam que não foi apresentado o mandado judicial e denunciam o descumprimento de condicionante de Termo de Ajustamento de Conduta, que determina a comunicação prévia do Ministério Público Federal e da Fundação Nacional do Índio.
As forças policiais indagaram a comunidade sobre o paradeiro do cacique Ladio Veron, que sofreu atentado há um mês, e de outras lideranças da retomada. Na negativa de respostas ao interrogatório, os agentes iniciaram a revista de barracos de lona – habitações improvisadas no território ocupado. Testemunhas afirmam que a casa do Nhanderu Sergio Paulo foi invadida e lá os policiais introduziram entorpecente. A prisão se baseou na acusação pelo suposto porte de maconha. Essa repressão policial já inibiu inclusive o uso do rapé nas comunidades, uma medicina tradicional indígena.
A violência institucional teve por alvo um rezador, que representa a máxima autoridade na organização tradicional do Povo Kaiowa e Guarani. A prisão do nhanderu agrava o processo de criminalização de lideranças da retomada do Tekoha Takuara. Sergio Paulo é filho do nhanderu Adelino Paulo, falecido em novembro de 2014. O ancião chegou ferido na aldeia e morreu diante de sua família. A comunidade desconhece o resultado da perícia da Polícia Civil ou de investigação do suposto crime.
O cacique do Tekoha Kurusu Amba, Elizeu Lopes, relatou por telefone que nos últimos dias o território da retomada sofreu novas investidas de milícias. Pistoleiros realizaram disparos de armas de fogo, sempre durante as noites, causando pânico entre crianças e anciões. Os latifundiários da região tensionam a atmosfera de conflito com essa estratégia de terrorismo psicológico, denunciada diversas vezes pelas lideranças indígenas e organizações de apoio. Em outubro de 2014, a 7G Documente realizou registro documental com depoimentos do nhanderu Sergio Paulo e do cacique Elizeu, disponíveis nos vídeos CLAMOR KAIOWA 1 – TEKOHA TAKUARA (https://youtu.be/fMYW4KEHNtQ, a partir de 7:54) e CLAMOR KAIOWA 2 – DESPEJO TEKOHA (https://youtu.be/39ju6d5WYY8).
Segundo membros do Aty Guasu, a Polícia Civil do estado promove a criminalização de lideranças da retomada, simulando o flagrante de crimes, e não investiga as ocorrências de crimes contra a vida e integridade de indígenas. O Aty Guasu Kaiowa e Guarani reunirá seu Grande Conselho nos próximos dias para se pronunciar sobre a prisão arbitrária do nhanderu Sergio Paulo e os novos ataques promovidos por latifundiários contra as comunidades de diferentes retomadas.
Texto e fotos de Rodrigo Arajeju, com informações de membros do Aty Guasu.
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