Noite de Fogo na Tekoha Apyika'i no Mato Grosso do Sul

Foto Arquivo _ Cimi

Por Tereza Amaral com Luciano Silva

Fogo, desespero e indiferença. Foi o que ocorreu na noite de ontem na tekoha Apyka'i , distando sete quilômetros do centro de Dourados.
Por volta das 22h30m a liderança Valdelice Veron, aos prantos, nos informou sobre a tristeza em meio a labaredas na tekoha da cacique Kaiowá Damiana  Cavanha .
Juntamente com os caciques Ládio Veron - seu irmão - e  Damiana, que há mais de dez anos luta pela demarcação da sua Tekoha, eles ajudaram os aldeados que vivem  às margens da BR 463 e que tiveram suas casas incendiadas.
"Levei  lona e algumas roupas e hoje eu vi que aqui, no Mato Grosso Do Sul, não somos vistos como seres humanos", desabafou Valdelice.
Ela disse que o carro de bombeiros ajudou apenas a Usina São Fernando, com policiais e até assistentes sociais. Para os indígenas nenhuma ajuda foi dada. "Foram somente ajudar o latifundiário da Usina", lamentou, informando que crianças, mulheres e anciãs estavam passando mal vendo suas casas destruídas pelo fogo.Há um corpo carninizado ainda não identificado.
Nem mesmo o Corpo de Bombeiros ajudou. "Os Bombeiros passaram pelo acampamento e não ajudaram, mas socorreram a Usina São Fernando que, inclusive, botou fogo "no lixo", disse, acrescentando que a informação partiu de um funcionário.
A cacique Damiana é uma guerreia que há mais de uma década luta pela sua tekoha Apyka'i, tendo sido expulsa inúmeras vezes da terra tradicional para a beira da rodovia onde perdeu marido, dois filhos, dois netos e uma tia. No local tombaram vários membros da comunidade, segundo o Cimi, por pistoleiros, atropelamentos e envenenamento por agrotóxicos.

Foto Arquivo _ Cimi

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