Vale Javari, Povo Matis, Igarapé Boeiro/AM, 1985Arquivo Cimi |
De janeiro a março deste ano seis crianças morreram na Terra Indígena Vale do Javari, situada no oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, distante da capital cerca de 1.150 quilômetros em linha reta. De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari – Univaja, o atendimento às comunidades continua precário, comprometendo a saúde dos indígenas.
As seis crianças mortas entre janeiro e março são dos povos Marubo, Kanamari, Kulina, Matis e duas Mayoruna. Os óbitos tiveram como causa pneumonia, complicações no parto e dificuldade respiratória.
Segundo Paulo Marubo, coordenador da Univaja, as prateleiras dos polos-base estão vazias, sem medicamento e as comunidades padecem por falta de atendimento da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), órgão do Governo Federal responsável pela atenção à saúde.
Ele reclama que o gestor da Sesai em Atalaia do Norte nega informações sobre os atendimentos nas aldeias, e tem dito às lideranças que irá processar judicialmente as organizações em razão das denúncias feitas em decorrência da falta de assistência.
A Terra Indígena Vale do Javari abriga seis povos diferentes além de um grande número de grupos sem contato com a sociedade envolvente. Há mais de 30 anos as organizações e comunidades lutam por melhorias no atendimento à saúde, sobretudo porque há um grande número de casos confirmados de hepatite tipo “B”, que não tem cura.
MALÁRIA AMEAÇA - As dificuldades encontradas pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) para atender as comunidades indígenas e ribeirinhas do município de Itamarati podem levar a um aumento dos casos de malária na região, afetando principalmente os Deni e Kanamari do rio Xeruã. O alerta foi feito pelos indígenas à equipe do Conselho Indigenista Missionário – Cimi, que atua na região do Médio Solimões e afluentes.
Dados oficiais da FVS revelam que no período primeiro de janeiro a 20 de março de 2015, foram realizadas nas 7 aldeias do Rio Xeruã (Deni e Kanamari), 851 exames, sendo 157 positivos. Os indígenas disseram aos missionários que esse número é muito maior.
Os Deni são encontrados no rio Xeruã, afluente do rio Juruá no município de Itamarati, localizado no sudoeste do Amazonas, a cerca de 930 quilômetros da capital, Manaus. Eles somam uma população de 715 pessoas, distribuídos em 4 aldeias, que são Terra Nova (69 pessoas), Morada Nova (286 pessoas), Boiador (205 pessoas) e Terra Nova (69 pessoas).
Os Kanamari são encontrados no mesmo rio, e somam 261 pessoas, distribuídas em três aldeias: Santa Luzia (78 pessoas), Flexal (124 pessoas) e São João (59 pessoas).
Nos anos 70, a população Deni esteve prestes a desaparecer em razão de casos de tuberculose que afetou grande um grande número de pessoas.
No início dos anos 90, uma epidemia de sarampo e malária dizimou cerca de 20 por cento da população.
Manaus (AM), 06 de abril de 2015.
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Regional Norte I – AM/RR
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