Foto _ Valter Campanato / Agência Brasil |
Por Tereza Amaral
com Gian Marco Longato
com Gian Marco Longato
Brasília vive um momento de lição. E pode ser lida até pelo mais energúmeno dos seres ainda humanos. Refiro-me aos que usam de esterco segregador para dizer que os indígenas são "primitivos". O que estamos assistindo na Mobilização Nacional Indígena 215 é um banho de civilidade e organização. E explico: O mosaico indígena brasileiro - e que a mídia subestima num recorte ínfimo da figura grandiosa -, representado na capital federal por líderes das etnias (somos 305), se divide em várias frentes para defender o Direito que os ruralistas querem, inconstitucionalmente, roubar - esta é a palavra!
Enquanto o Cacique Raoni despacha como ministro Eduardo Cardozo (Justiça) pacificamente, e até debaixo de chuva, guerreiros dançam o toré reivindicando o arquivamento definitivo da "Peste Indígena", a PEC 215, uma vergonha orquestrada pelos parlamentares da Bancada Ruralista - inimigos declarados - que querem transferir do Executivo para o Legislativo (raposas tomando conta de galinhas) o poder da política demarcatória dos territórios, inclusive, dos já demarcados. Na verdade, os ladrões da Constituição Federal estão querendo expandir o agronegócio, de olho nos minérios, das terras, madeiras nobres e tudo que os maiores ambientalistas do mundo, os povos originários, mantêm como sagrado.
STF
No Supremo Tribunal Federal - onde estão os guardiões da Carta Magna -, Guarani-Kaiowá, Tupinambá, dentre outras etnias, fazem vigília clamando pela mão da Justiça. Lá, estão impetradas "cascatas" de liminares para invalidar laudos antropológicos da Funai. O objetivo da turma do esterco é injustiça e impunidade. Além de não reconhecerem a necessidade de chegar a um denominador comum - a demarcação - os "incomuns" brasileiros passam por cima até dos cadáveres que eles mataram. Exemplo disso é o Caso Marco Veron, barbaramente assassinado, e com processo judicial em cima da aldeia Taquara. O genocídio na Bahia é parecido com o do Mato Grosso do Sul, bem como a estratégia dos ruralistas. Mas em defesa dos tekoha - terra a que pertencem - e das futuras gerações os líderes são incansáveis em apelar pelos seus direitos.
Planalto
Ontem, a presidente da Apib, Sonia Guajajara, Valdelice Veron (Aty Guau), dentre outros líderes estiveram no Palácio do Planalto para lembrar da Carta que a candidata Dilma Rouseff enviou aos indígenas durante campanha. As lideranças foram cobrar o compromisso assumido. E entregaram ao ministro Rosseto (Secretaria Geral da Presidência) um documento, relembrando que Dilma se comprometeu, em campanha, retomar o processo de demarcatório das terras indígenas.
Comissão de Direitos humanos da Câmara
No Acampamento Terra Livre, os indígenas têm recebido apoio de parlamentares não apenas da CDH, mas de outras comissões que lutam pela causa indígena. A candidata derrotada à Presidência, Marina Silva, esteve ontem no ATL. Ver link com presidente da Comissão de Direitos Humanos AQUI.
Câmara Federal
Na tarde de ontem, 25 representantes da Mobilização Nacional Indígena e 5 da Frente Nacional de Lutas (FNL) estiveram com o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Eles entregaram a Carta Política do 11º Acampamento Terra Livre (ATL), onde consta total repúdio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, já tramitando - depois de desarquivada - numa Comissão Especial da Câmara.
"Cunha se comprometeu com os indígenas a não usar a prerrogativa presidencial de levar a proposta para votação no plenário e disse que não há pressa para votá-la. O peemedebista afirmou que a instalação da Comissão Especial faz parte do rito de cada nova legislatura, e que isso não significa que seja a favor ou contra a PEC 215". Se é verdade... ruralista já verbalizou que o cargo de Cunha foi uma negociata para que a PEC fosse desarquivada. Será? Ver AQUI. Leia também Deputados e líderes indígenas pedem arquivamento da PEC da demarcação de terras (Atualizado)
No país
No país
A MNI, e aqui agradeco a entidades como Conselho Indigenista Missionário Cimi, ISA, Mobilizacão Nacional Indígena, dentre outras, está acontecendo não apenas em Brasília, mas em outros estados com atos de reivindicação. Ver AQUI.
Na condição de cidadã brasileira, ativista indígena (não é novidade para ninguém que sou casada com a Resistência Guarani-KaiowÁ ) e jornalista - e não suporto textos longos - deixo aqui uma indagação: Quem é primitivo?
AVANTE!
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