No local, vivem 50 índios kayowá em barracos de lona e madeira, erguidos em espaço contínuo à reserva legal de uma fazenda de cana-de-açúcar às margens da BR 463 |
Por Diário MS
A nota publicada em rede social do grupo
Aty Guassu, consta o desabafo da viúva Damiana, líder da comunidade.
Segundo a nota, foi autorizado que a força policial despeje os indígenas
do Apyka’i. “No final de abril de 2014, mais uma vez, a Justiça Federal
comunicou que a comunidade guarani e kaiowa será atacada e despejada
pela Polícia Federal a partir do dia 7 de maio de 2014”, diz a nota.
“Ainda não há dada para a reintegração.
Amanhã vou me reunir com os aliados e somente após esta discussão iremos
ter uma linha de atuação”, disse Eloy.
Sobre a desocupação que ocorreria na
próxima quarta-feira ele o advogado disse não haver nada oficial. “Nos
autos do processo não consta esta data. De qualquer forma, o que vale é o
que os índios informam”, disse.
Uma das declarações da líder da
comunidade mostra que qualquer despejo sofrerá resistência. “A liderança
viúva Damiana e a comunidade declararam que não vão sair do Tekoha
Apyka’i. ‘Já fiz buraco e cova para mim e aqui quero ser enterrada pela
Justiça do Brasil, a mando do governo Dilma Rousseff’”, relata o
documento.
A líder da comunidade disse que já foi
ameaçada de morte. “O meu pai, o meu marido e meus filhos já foram
assassinados e enterrados aqui, eles foram assassinados”, acusa. “Eu e a
comunidade vamos morrer tudo aqui também”, diz em nota.
O maior desejo do grupo é que o
imbróglio seja resolvido. “Não quero mais voltar na beira da rodovia, lá
sofremos muito”, alega. A liderança põe a culpa no Governo Federal.
“Aqui será derramado mais do nosso sangue pelo governo Dilma e pela
Justiça do Brasil”, alerta, dizendo que “não tem mais medo de morrer”.
No início de abril, depois de retornarem
para o local de 1 hectare, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região
negou-se a suspender uma liminar de reintegração de posse contra a
aldeia Apyka’i, na região de Dourados.
A época, os indígenas entraram na terra
pela última vez em setembro do ano passado. Até então, e após terem sido
despejados do lugar três vezes, estavam sobrevivendo num acampamento às
margens da rodovia. A decisão de retomar depois do atropelamento de uma
criança de quatro anos – então a quinta vítima kayowá dos veículos que
trafegam pela BR 463. Ao todo, sete indígenas morreram atropelados nas
redondezas da aldeia.
No local, vivem 50 índios kayowá em
barracos de lona e madeira, erguidos em espaço contínuo à reserva legal
de uma fazenda de cana-de-açúcar às margens da BR 463, via de acesso a
Ponta Porã e ao Paraguai.
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