25 de agosto de 2017

Extinção de reserva levanta nova polêmica para o governo

A revogação abre espaço para concessões de exploração mineral na região, rica em cobre, ouro, ferro e manganês


Um grupo de ONGs ambientalistas, lideradas pelo Greenpeace, deve divulgar nesta sexta-feira uma nota à imprensa internacional de repúdio à revogação de uma reserva que abrange uma área de 4 milhões de hectares na divisa do Pará com o Amapá, equivalente ao tamanho do Espírito Santo. A revogação, publicada na quarta-feira pelo governo no Diário Oficial da União, abre espaço para concessões de exploração mineral na região, rica em cobre, ouro, ferro e manganês.

O alvará para autorizar pesquisas de exploração mineral aos interessados podem ser liberados em 60 dias. Com o fim da Reserva Nacional do Cobre e Associados, a superintendência do Departamento Nacional de Produção Mineral informou que vai reavaliar 58 pedidos de exploração da área feitos antes da criação da reserva, em 1984.

Segundo ambientalistas, a extinção da reserva pode prejudicar a conservação de ‘áreas protegidas na região, comprometendo a biodiversidade e provocando conflitos com povos indígenas que vivem no local. De acordo com a ONG WWF, a reserva englobava nove áreas protegidas, entre florestas estaduais, reservas ecológicas e terras indígenas.

A ONG vem alertando sobre as consequências da extinção da reserva desde o início do ano, quando o Ministério de Minas e Energia publicou uma portaria em que anunciava a intenção de extinguir o acordo de 1984. “Com a publicação do decreto, há o temor de que se inicie uma corrida do ouro na região, uma exploração sem controle”, afirmou a VEJA Mariana Napolitano, coordenadora do núcleo científico da WWF-Brasil.

A pressão contra o fim da reserva crescer nesta quinta-feira com o apoio de celebridades como a cantora Ivete Sangalo e a modelo Gisele Bundchen. “A Renca não é um paraíso, como querem fazer parecer, erroneamente, alguns. Hoje, infelizmente, territórios da Renca original estão submetidos à degradação provocada pelo garimpo clandestino de ouro, que, além de espoliar as riquezas nacionais, destrói a natureza e polui os cursos d ‘água com mercúrio”, afirmou o Planalto em nota na noite de quinta-feira.

Campeão em negar fatos consumados, Temer afirmou, pelo Twitter, que “não alterou nenhuma reserva ambiental da nossa Amazônia”.

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