8 de março de 2016

Victoria Tauli-Corpuz participou de vigília em solidariedade ao povo Guarani Kaiowá durante reabertura do Moitará

A cerimônia, realizada em Brasília, contou com a presença do ministro da cultura, Juca Ferreira, lideranças indígenas e defensores da causa.

Álvaro Tukano, Ailton Krenak, Victoria Tauli-Corpuz e Juca Ferreira
Foto _ Renato Acha


Juca Ferreira na cerimônia em solidariedade ao povo Guarani Kaiowá.  Foto _ Acácio Pinheiro

Dezenas de indígenas e defensores dos direitos dos povos indígenas se reuniram na noite desta segunda-feira, 7, em uma vigília em solidariedade ao povo Guarani Kaiowá. A cerimônia, que ocorreu no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, marcou a reabertura do Moitará – Programa de Trocas Culturais. Também acompanharam o encontro o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e Victoria Tauli-Corpuz, relatora especial sobre Direitos dos Povos Indígenas da ONU (Organização das Nações Unidas).
Na ocasião, o ministro destacou que a questão indígena é uma das prioridades de sua gestão e lembrou que até 2003, o Ministério da Cultura não possuía uma relação sistêmica com a cultura dos povos indígenas. Desde então, essa relação tem se estreitado. 
"Dentro dos nossos limites, todas as demandas e reivindicações dos povos indígenas têm sido apoiadas pelo Ministério. Estamos nos aproximando cada vez mais, procurando cumprir nossa função específica, que tem duas grandes dimensões. Uma delas é apoiar os povos indígenas na preservação de suas tradições, incluindo suas línguas. A segunda é apoiá-los ajudá-los a um processo de empoderamento no diálogo e na relação (deles) com a sociedade brasileira", afirmou.
De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, a população indígena brasileira é de cerca de 900 mil pessoas. São 305 povos indígenas distribuídos por todo o território nacional, falantes de 274 línguas. 
Moitará

O Moitará - Programa de Trocas Culturais teve início no segundo semestre do ano passado. Entre outubro e dezembro de 2016, o Memorial dos Povos Indígenas foi tomado por apresentações de dança, música e cinema, além de debates e exposição de obras literárias de temática indígena. O programa tem o intuito de valorizar e divulgar a cultura dos povos indígenas.

Nas próximas semanas, o Memorial dos Povos Indígenas receberá rituais, palestras e conferências, que contarão com a apresentação do diverso acervo de obras de autoria de realizadores indígenas, nas linguagens de cinema, artes visuais e música. A programação poderá ser acompanhada, em breve, na página do Facebook do projeto.
"Nós avançamos bastante na área de cultura e aqui no memorial nós faremos apresentações culturais para mostrar a riqueza que o Brasil tem de diversidade cultural. Estamos apresentando um Brasil real, um país que nós sempre defendemos", disse Álvaro Tukano, diretor do Memorial dos Povos Indígenas. 
Apoiados no êxito da experiência de 2015, quando o Moitará recebeu coletivos e autores indígenas de várias regiões do Brasil, neste ano está prevista a participação de convidados de países vizinhos, da bacia amazônica, tais como Bolívia, Peru e Colômbia, além de Chile e Argentina. Para o segundo semestre de 2016, almeja-se ainda a vinda de pensadores indígenas da Guatemala, México e Estados Unidos.  
"A cultura dos povos indígenas é profundamente conectada com suas terras e com o modo de subsistência que fazem deles uma população indígena. A luta do povo indígena é pelo direito de continuarem cultivando seu conhecimento tradicional para proteger as terras às quais pertencem – conhecimento esse que pode salvar a terra da destruição. Nessa relação entre lutas e esperança, prevalece não apenas a luta por suas terras, mas uma conexão com o seu passado, seu presente e seu futuro", destacou a relatora da ONU.
Victoria Tauli-Corpuz visita o Brasil entre 7 e 17 de março para identificar as violações aos direitos e as dificuldades enfrentadas pelos indígenas no país. Em setembro, o relatório com as conclusões e as recomendações da relatora deverá ser encaminhado ao governo brasileiro e ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. Além da capital, Victoria deverá visitar os estados de Mato Grosso do Sul, Bahia e Pará.
Vigília pelo povo Guarani Kaiowá
Em 2015, o povo Guarani Kaiowá sofreu dezenas de ataques violentos pela retomada de seus territórios, um dos quais resultou na morte de Semião Vilhalva, liderança da aldeia Ñanderu Marangatu, localizada no município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul. O ritual de vigília, marcado pelo ato sagrado de acender o fogo junto a objetos cerimoniais, teve como intuito o pedido de proteção aos índios que ainda têm de lutar para fazer valer muitos de seus direitos.
"Esse evento é muito importante para os povos indígenas porque por mais de 500 e poucos anos nós fomos e continuamos sendo saqueados. Muitas terras indígenas ainda continuam sem ser demarcados porque o estado brasileiro não reconhece suas raízes", pontuou Tukano.

Serviço

Moitará

Local: Memorial dos Povos Indígenas
Endereço: Eixo Monumental, Brasília – DF
Programação: Perfil do Programa Moitará no Facebook https://goo.gl/0nT1rH

NOTA: Este Blog alterou o título, mantendo todo o conteúdo na íntegra.

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