São mais de 17 barragens no Pantanal
O
rompimento de duas barragens de uma mineradora em Minas Gerais levantou
a dúvida em moradores de muitos estados: será que estamos protegidos de
uma tragédia como a que aconteceu em Mariana? Em Mato Grosso do Sul
existem 17 barragens de mineração, todas localizadas no Pantanal, em
Corumbá. Destas, duas têm classificação de alto risco, com alto dano
potencial associado.
Um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil, a tragédia
de Mariana, aconteceu no dia 5 deste mês, matou 11 pessoas e deixou
muitas desaparecidas. O mar de lama causou estragos não apenas aos
moradores, mas ao bioma da região. A enxurrada de lama que tomou o Rio
Doce, levou a extinção animais e plantas da natureza que ali estava.
Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), estima-se
que foram lançados 50 milhões de m³ de rejeito de minérios de ferro e
manganês da mineradora Samarco, da Vale e da BHP Billiton, a maior
empresa de mineração do mundo.
Mas, será que Mato Grosso do Sul está livre do que aconteceu em
Mariana? A resposta é NÃO! O Pantanal sul-mato-grossense tem dezenas de
barragens e diques, instalados, principalmente, no Maçiço do Urucum, a
maior formação rochosa do país, que tem grandes reservas minerais de
manganês e ferro. Uma tragédia, como a de Mariana, não é descartada em
Corumbá.
No local estão instaladas três empresas de mineração, a Urucum
Mineração SA, Mmx Corumbá Mineração SA. e a Mineração Corumbaense
Reunida.
A empresa Urucum Mineração S.A. tem 14 barragens localizadas na bacia
e no pé da serra, com grandes reservatórios de ferro e manganês, sendo
duas delas na categoria de alto risco, com alto dano potencial. Esse
tipo de CRI (Categoria de Risco), de alto risco e alto potencial danoso,
só é verificado em quatro cidades do país: Ipixuna do Pará e Barcarena,
no Pará, Presidente Figueiredo, no Amazonas, e Corumbá/MS.
Vale ressaltar que as quatro barragens da Samarco, existentes em
Mariana, tem categoria de risco baixo. As outras empresas que atuam em
Corumbá são: Mmx Corumbá Mineração S.A. e Mineração Corumbaense Reunida
S.A. As duas empresas, que tem três barragens, tem categoria baixa de
risco.
A Vale controla duas dessas três empresas. Apenas no ano passado,
a Vale produziu 5,8 milhões de toneladas de minério de ferro e 601 mil
toneladas de minério de manganês no Estado. Segundo a empresa, todas as
barragens em Mato Grosso do Sul estão classificadas na categoria de
baixo risco.
Se as barragens se romperam podem causar sério danos ao Pantanal
sul-mato-grossense, assim, como ocorreu em Minas Gerais e no Espírito
Santo. De acordo com o Cetem (Centro de Tecnologia Mineral), do
Ministério da Tecnologia, a mineração, principalmente,
de manganês, costuma produzir como rejeito o arsênio, substância
altamente tóxica.
As cidades de Corumbá e Ladário, juntas, tem cerca de 130 mil
habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). Uma das comunidades que fica no Pantanal, Antônio Maria Coelho, já reclamou em abril de 2014 da
água na região. Segundo relatos, com o início da mineração alguns
córregos na Morraria do Urucum secaram e a vazão de outros foi reduzida,
além da qualidade prejudicada.
Para que não ocorra acidentes, a Vale disse que faz uma verificação
detalhada das condições estruturais de suas barragens em todo Brasil, e
que, nas últimas inspeções, nenhuma alteração foi detectada.
De acordo com o assessor de imprensa da Vale, Leandro Grandi, a
empresa tem os PAEBMs (Planos de Ações Emergenciais) para as estruturas
em que há exigência prevista na legislação. “Os planos apresentam
procedimentos de mitigação e comunicação que devem ser adotados em
situação de emergência, visando à preservação da vida, da saúde, de
propriedades e do meio ambiente”, ressalta.
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