26 de junho de 2014

Le Monde constata que desenvolvimento levou índios à miséria no Brasil

Reportagem do jornal Le Monde desta quinta-feira sobre a pobreza dos indios em Manaus.



As populações indígenas acabaram sendo vítimas colaterais do desenvolvimento do Brasil nos últimos anos. Essa é a conclusão de uma reportagem publicada na edição de quinta-feira (26) do jornal francês Le Monde, que foi à periferia de Manaus conhecer a situação “de miséria” na qual vivem centenas de índios.
O jornal constata que os índios “tentam, em vão, fazer valer os seus direitos, diante das ameaças de expulsão e do apetite por terrenos das indústrias que sondam as suas terras”. Representantes das tribos amazônicas afirmam ao jornal que apesar de a Constituição garantir direitos aos indígenas, cada vez mais as leis têm sido adaptadas ao gosto dos grandes proprietários de terra e grupos de mineração.
“Na bulimia do crescimento que conhece hoje o Brasil, a Amazônia e seus seis milhões de quilômetros quadrados alimentam as ambições”, afirma o jornal. Os tenharins são um exemplo de tribo que hoje “precisa brigar para conservar seus territórios”.

O Le Monde diz que apesar de Manaus ter construído um estádio de futebol inspirado nas aldeias, “a situação da população indígena permanece frágil”, inclusive pela sensação de perda de apoio à causa pela população brasileira, em comparação com 20 ou 30 anos atrás, segundo o jornal francês.

Preconceito

O diário foi ao encontro de famílias que vivem na periferia da capital do Amazonas, como a de Bernardino Pereira. “Desorientado pela vida urbana, perdido pela mudança do modo de vida”, o índio tikuna reclama do preconceito sofrido junto aos habitantes da cidade, que o insultam. Muitos, como ele, sobrevivem de artesanato.

Diante das dificuldades, outros acabam se tornando alcoólatras, enquanto as índias viram empregadas domésticas ou até prostitutas. O jornal observa que, ainda assim, os índios são apaixonados por futebol como qualquer brasileiro e estão acompanhando a Copa do Mundo como podem. “Eles não têm dinheiro para comprar um ingresso, mas não perdem um jogo na televisão.”
 

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