O fotógrafo indígena Dionedison Cândido vai expor 25 trabalhos na semana comemorativa ao 28º aniversário do Teatral Grupo de Risco
Por Tereza Amaral
com Dionedison Cândido
Um homem, uma máquina fotográfica e a Resistência
Guarani-Kaiowá revelada na arte e em sua essência:
crianças e adultos resistem pela terra nas lentes do indígena Terena
Dionedison Cândido, 38 anos.
As fotografias em Preto e Branco são uma narrativa do cotidiano
numa linguagem que dispensa palavras. As imagens falam no trabalho do fotógrafo
que possui um diferencial: ele se 'autorretrata'.
Natural da aldeia Bananal, a cada click consegue captar
muito mais do que a imagem. E revela as entranhas
de um povo da infância até a morte num mesmo seguimento – a necessidade do direito
ao pertencimento do território
tradicional e a luta pela existência através da resistência.
Nas fotos acima, algumas das 25 que serão exibidas ao
público numa exposição por ocasião do 28º aniversário do Teatral Grupo de Risco (ver informações da mostra abaixo), Dionedison reúne imagens de crianças com arco e flecha,
reagindo a ataques de aviões ‘pulverizando’ aldeias com agentes químicos
(agrotóxicos), a miséria nas áreas retomadas, o grafismo facial, identidade étnica definida pelo ilustre Darcy Ribeiro como “ tela onde os
índios mais pintam, e aquela que pintam com mais primor”.
Crianças Guarani-Kaiowá no túmulo do indígena Semião Vilhalva, assassinado por pistoleiros na retomada Nhanderu Marangatu , no município de Antonio João (MS)
|
Líder espiritual |
As imagens ecoam por demarcação e justiça no olhar das
crianças, nos sepultamentos de líderes
assassinados pelo agrocrime e descansam no sistema de crenças, enquanto líderes
políticos (Aty Guasu) reivindicam em Brasília os seus direitos.
Ao ser indagado sobre o modo de fotografar, Dionedison diz: "hoje consigo me controlar sem que o sentimento de dor e revolta possa interferir". Ele começou a fotografar em 2013 no dia do assassinato do guerreiro Oziel Terena.Soldados da Força nacional em região de conflito |
Em contato com o fotógrafo de guerra André Liohn, que conheceu em sua aldeia no Mato Grosso do Sul, aprendeu a transcender a dor em momentos tensos, tais como em reintegração de posse.
Mesmo sem ter formação superior em fotojornalismo - fez curso no Pontão de Cultura Guaicurus e no próprio Teatral Grupo de Risco - com sua câmera semiprofissional retrata a própria vivência. Os povos da sua etnia Terena também estão na mostra, além de outras etnias retratadas na Rio + 20, na capital carioca.
Indígenas no Rio de Janeiro _ Dionedison Cândido |
Dionedison Cândido em Brasília _ Foto Arquivo Pessoal
Serviço
Exposição na Semana do 28º aniversário do Teatral Grupo de Risco
Dia: 25.08.2016
Local: Rua José Antônio, 2170, Vila Rosa Pires
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário