Foto _ Cimi |
Foi o terceiro nos últimos 30 dias
“Não
aguentamos mais, será que nós mesmos vamos ter que tomar a decisão de
nos defender com mais força? Será que precisaremos matar ou morrer para
que olhem, respeitem e garantam os nossos direitos? Não aguentamos mais
tanto sofrimento”.
Na
madrugada de 06/04/2014 ocorreu um novo ataque de pistoleiros contra a
comunidade indígena Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue. De acordo com
informações das lideranças da comunidade, "seguranças” (pistoleiros) da
fazenda Cachoeira, município de Iguatemi, armados com revolveres e
espingardas de grosso calibre dispararam tiros contra os barracos de
lona, enquanto as famílias Guarani e Kaiowá dormiam. Assustados, os
moradores de barracos situados nas proximidades da rodovia saíram
correndo para fugir dos pistoleiros e, na fuga, uma mulher, Sra. Síria
Marcos, acabou caindo e machucando gravemente os braços. As lideranças
afirmam que estão de posse de cartuchos e de balas encontradas depois do
ataque.
Esta
foi a terceira ação violenta de pistoleiros contra a comunidade de
Pyelito Kue nos últimos 30 dias. Geralmente estas ações criminosas estão
sendo praticadas de madrugada e sempre aos finais de semana. A
comunidade tem denunciando as violências à Funai - Fundação Nacional do
Índio - e às Polícias Federal e
Civil. No entanto, nenhuma medida protetiva foi adotada no sentido de
prevenir e coibir os ataques contra a comunidade indígena. As lideranças
afirmaram que estão cansadas de esperar que o governo federal conclua o
procedimento de demarcação de sua terra e principalmente cansadas de
serem alvejadas por pistoleiros. “Não
aguentamos mais, será que nós mesmos vamos ter que tomar a decisão de
nos defender com mais força? Será que precisaremos matar ou morrer para
que olhem, respeitem e garantam os nossos direitos? Não aguentamos mais
tanto sofrimento”.
A
comunidade de Pyelito Kue está residindo na antiga fazenda Cambará, às
margens de uma estrada vicinal distante aproximadamente 35 km de
Iguatemi/MS. No final de 2012, os indígenas divulgaram uma carta
afirmando a decisão de resistir em suas terras até as últimas
consequências, o que despertou a atenção da opinião pública nacional e
internacional. Na ocasião, eles viviam na beira do rio Hovy.
O
tekoha Pyelito Kue/Mbarakay foi identificado (por ESTUDOS DE
IDENTIFICAÇÃO E DELIMITAÇÃO de um Grupo Técnico criado pela Funai) com
41.571 hectares de extensão como sendo de ocupação tradicional dos
Guarani e Kaiowá. A terra em demarcação situa-se na
Bacia Iguatemipeguá, próxima a reserva Indígena Sassoró. A fazenda
Cambará, que foi retomada em fevereiro pelos indígenas e onde atualmente
vivem, é apenas uma das várias propriedades incidentes sobre a área
identificada como de ocupação indígena.
As
lideranças indígenas, uma vez mais, pedem às autoridades proteção para
ficar no seu tekoha (terra sagrada), solicitam agilidade no procedimento
de demarcação, e exigem que se realize urgente investigação e punição
dos responsáveis pelos atentados criminosos contra a comunidade de
Pyelito kue.
Campo Grande, 06 de abril de 2014.
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