25 de abril de 2014

Índios perderam guerra contra Belo Monte, diz Le Monde

O jornal Le Monde dedica duas páginas a uma reportagem sobre a derrota dos índios brasileiros na batalha contra a construção de Belo Monte.
RFI


Por RFI


O diário francês Le Monde dedica nesta quinta-feira (24) duas páginas a uma reportagem de seu correspondente no Brasil sobre a hidrelétrica de Belo Monte. O jornal enfatiza que as comunidades indígenas, divididas, perderam a batalha contra esse projeto "faraônico" orçado em mais de 10 bilhões de euros. Le Monde ouviu defensores e críticos locais do projeto, e expõe os argumentos dos dois lados.


O jornalista Nicolas Bourcier foi a Altamira, no Pará, para visitar as obras de construção desta que será a terceira maior hidrelétrica do mundo. Ele explica que as dezenas de recursos apresentados à justiça por defensores de comuniddes indígenas, ongs e grupos ambientalistas "mal conseguiram retardar o processo".
O texto afirma que Belo Monte separa dois mundos: "De um lado, o dinamismo da sétima economia mundial, suas gigantescas necessidades energéticas, sua vontade de integrar suas regiões mais pobres e oferecer empregos a milhares de brasileiros. De outro, a proteção dos índios ameaçados de serem expulsos dessas terras onde vivem desde tempos imemoriais e a preservação da bacia amazônica, pulmão vital para a América do Sul e o planeta inteiro."

Além de descrever a paisagem da região, que será irremediavelmente modificada pela barragem, o jornalista explica aos leitores franceses os temores dos habitantes locais, como a possível diminuição no número de peixes e a extensão das terras que serão inundadas.
 
Herança da ditadura

Le Monde lembra que esse "projeto faraônico herdado da ditadura" foi apresentado pela primeira vez à comunidade de Altamira em 1989. Na época, as lideranças indígenas do Xingu estavam unidas contra a construção da hidrelétrica, assim como toda a esquerda brasileira.

Em uma reunião sobre o projeto em Altamira que contou até com a presença do cantor Sting, uma índia nua ameaçou com uma machadinha o responsável pelo projeto. A imagem, altamente simbólica, rodou o mundo e o governo brasileiro acabou recuando.

Vinte e cinco anos depois, o projeto foi revisado e seu impacto diminuído, diz o texto. Nesse intervalo de tempo, os índios se dividiram e a maioria das aldeias envolvidas decidiu apoiar a construção de Belo Monte.
Nicolas Bourcier explica que a divisão foi alimentada por uma ajuda material dadas às aldeias pelo consórcio vencedor da licitação para a construção da obra, Norte Energia, antes mesmo da aplicação do programa de compensação social e ambiental de 4 bilhões de reais exigido pelo ministério do Meio Ambiente.

Uma ajuda que, segundo uma líder indígena entrevistada, tornou os habitantes dependentes do consórcio de investidores. A reportagem também questiona a eficácia da Funai, organismo encarregado da proteção dos índios, "que se mostra pequena demais para atender todas as necessidades".

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