Do "jardim" de Torquato brota tentativa de mercantilização de Terras Indígenas
Fotos _ compartilhadas/Luiz Henrique Eloy |
Por Tereza Amaral
Numa audiência ao estilo guerreiro - "olho no olho" - lideranças indígenas membros do Conselho do Povo Terena rechaçaram o pensamento "incorporando mecanismos do século XXI" do ministro da Justiça, Torquato Jardim, que com seu DNA ruralista - "filho, neto e bisneto de fazendeiros" - insinuou a recuperação dos espaços reivindicados com transformações educativas, inclusive, numa perspectiva de construção de futuro com produção de grãos, implementos agrícolas e agroindústrias em TIs (Terras Indígenas). A reação foi imediata: "Nós não queremos mercantilizar nossas terras", rebateu o conselheiro e membro da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) Lindomar Terena.
Numa tentativa de tangenciar a pauta reivindicatória, contendo aceleração no processo de demarcação, rejeição da indicação política do pastor Henrique por parlamentares federais para a coordenação regional do órgão, em Campo Grande, e resposta ao assassinato de Oziel Gabriel, o ministro ouviu sobre a tal perspectiva do século XXI garantia de guerra pelo direito à terra: "Eu sou mais um homem dessa guerra, da minha terra não recuarei, quero ser respeitado como morador tradicional. Apenas quero viver da minha sustentabilidade. Pode levar milhões de caixões lá que eu não vou sair. Não quero riqueza", disparou um jovem líder que, em forma de protesto, jogou o cocar no chão na reunião que ocorreu na sede do Ministério.
O presidente da Funai, Franklimberg Ribeiro de Freitas, e indígenas de outras etnias estavam presentes na audiência. O ministro também falou sobre o Marco Temporal, considerado por ele o maior adversário dos indígenas. E mencionou mecanismos disponíveis à terra desapropriada...seria uma aliança em transformar Terras Indígenas em loteamentos do agronegócio? Assistam ao vídeo de Mídia Ninja. Leiam matéria do site do Ministério da Segurança Pública e Justiça e saiba mais sobre Torquato Jardim, primo do senador Ronaldo Caiado (DEM) aqui.
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