Alexandre de Moraes troca Artur Nobre Mendes por Agostinho do Nascimento Netto; órgão divulgou manifestação contra menção feita aos povos indígenas durante carregamento de toca (sic) olímpica
Ilustração _ Carlos Latuff |
André Borges,
O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, exonerou nesta terça-feira, 20, o atual presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Artur Nobre Mendes. Em seu lugar, Moraes colocou seu assessor especial na pasta, Agostinho do Nascimento Netto.
A demissão de Artur Nobre Mendes foi publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União, com data de segunda-feira, 19. A exoneração ocorre quatro dias depois da publicação de uma carta de repúdio divulgada pela Funai, por causa de uma menção feita aos povos indígenas durante o carregamento da tocha olímpica dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro.
Questionado sobre as razões de trocar a presidência da Funai, o Ministério da Justiça negou que o desligamento esteja relacionado com a carta divulgada pela fundação na sexta-feira. “O Ministério da Justiça e Cidadania informa que a nomeação se trata de uma ação administrativa já prevista e representa mais uma das etapas no processo de dinamização das ações administrativas da Funai”, declarou, por meio de nota.
Na apresentação da índia Iganani Suruwaha, a garota que carregou a tocha, a organização dos Jogos afirmou que “a indiazinha nasceu na Amazônia, na tribo Suruwahá, com paralisia cerebral” e que “sua mãe, Muwaji Suruwahá, precisou fugir da aldeia para evitar o infanticídio indígena”. O texto mencionou que “a criança, por não andar, estava condenada à morte por envenenamento em sua própria comunidade” e que “a prática cultural não é considerada crime pelas leis brasileiras”. “Hoje, Iganani tem 13 anos e em agosto de 2015 a Câmara dos Deputados aprovou a “Lei Muwaji”, que visa a combater práticas tradicionais nocivas em comunidades indígenas – como infanticídio ou homicídio, abuso sexual, estupro individual ou coletivo, escravidão, tortura, abandono de vulneráveis e violência doméstica – e garantir a proteção de direitos básicos dos indígenas”.
A instituição declarou ainda repudiar “que um evento que tem entre seus objetivos dar visibilidade às pessoas com deficiências, promovendo, justamente, o respeito à diversidade e ao próximo e combatendo o preconceito e a discriminação, utilize concepções baseadas em ideias preconceituosas e discriminatórias para se referir aos povos indígenas do Brasil”.
Agostinho do Nascimento Netto, nomeado agora para a presidência da Funai, estava há apenas três meses no cargo de assessor especial no Ministério da Justiça. Artur Nobre Mendes é servidor público da fundação e passou a presidir o órgão em junho, quando assumiu o cargo em substituição a João Pedro Gonçalves da Costa, exonerado pelo presidente Michel Temer. Ler original aqui.
Leia Mais
Nenhum comentário:
Postar um comentário